O presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta (PMDB-PB), afirmou nesta quarta-feira (20) que irá solicitar a exumação do corpo do ex-deputado José Janene (PP-PR), morto em 2010.
Segundo o parlamentar, ele recebeu denúncias de que a viúva de Janene, Stael Fernanda Janene, não tem certeza de que ele esteja morto. O UOL ainda não conseguiu contato com ela.
Janene é apontado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef, delatores da operação Lava Jato, como um dos políticos que atuaram no esquema de pagamento de propina envolvendo a estatal.
“Ele morreu de infarto e ninguém o viu morto. É uma coisa muito estranha. O caixão chegou lacrado. Há uma suspeição de que ele possa estar vivo”, declarou Motta.
O presidente também afirmou que recebeu informações de que Janene poderia estar vivendo na América Central.
Motta disse ainda que a CPI deve enviar uma comissão a Londrina, onde o corpo de Janene está enterrado, e que vai coletar DNA dos restos mortais e comparar com o material genético de membros da família do ex-parlamentar. Para conseguir autorização para a exumação, ele pretende aprovar um ato da presidência da CPI, que não precisa de ser votado pelos membros da comissão.
A CPI está tentando ouvir Stael na comissão, mas ainda não há requerimento aprovado para sua convocação para depor.
Origem da Lava Jato
Informações do empresário gaúcho Hermes Freitas Magnus, ex-sócio de Janene na indústria de máquinas Dunel, sediada em Londrina, foram o ponto de partida da investigação que viria a se transformar na operação Lava Jato. De acordo com o Ministério Público Federal, o paranaense José Janene investiu R$ 1,16 milhão na empresa a partir de 2008 apenas para lavar dinheiro.
O esquema de lavagem foi montado com o apoio do doleiro Alberto Youssef e do operador de câmbio Carlos Habib Chater, que trabalhava no posto de combustíveis de Brasília que inspirou o nome da operação Lava Jato.
Hermes Magnus, que hoje vive em Portugal, suspeitou da origem dos recursos e passou a enviar e-mails anônimos à Polícia Federal.
Em 6 de maio, Youssef e Chater foram condenados por lavagem dinheiro neste caso. O primeiro pegou uma pena de cinco anos; o segundo, quatro anos e meio de reclusão.
Mensalão e morte
Janene também foi denunciado por participação no esquema do mensalão, mas morreu antes de ser julgado. Ele foi acusado de receber R$ 4,1 milhões do “Valerioduto”. O ex-parlamentar foi líder do PP na Câmara dos Deputados e respondeu a um processo por quebra de decoro parlamentar, mas foi absolvido pela Casa.
Com sua morte, a Procuradoria extinguiu a denúncia contra ele. Ou seja, a Justiça não chegou a julgá-lo no processo do mensalão. Janene responderia pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ex-parlamentar negava as acusações.
Janene morreu em 14 de setembro de 2010 no InCor (Instituto do Coração) de São Paulo. Ele ficou internado por 40 dias depois de sofrer uma parada cardíaca durante uma cirurgia para ajustar o aparelho que usava para controlar os batimentos do coração.
O ex-deputado esperava por um transplante de coração. Em fevereiro daquele ano, havia sofrido um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Em 2006, ainda como deputado, conseguiu obter aposentadoria por invalidez.
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