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Covarde e desleal, esquerdista Boff deixa Lula e rola em si mesmo

boff-em-campanhaÉ… Nada como viver tempos interessantes. Dia desses, Paulo Henrique Amorim resolveu abandonar o barco de Lula. Escrevi a respeito. Agora, outro notório esquerdista, que há muito vive à sombra do petismo, faz a mesma coisa: Leonardo Boff, o ex-frei do que chamo “Escatologia da Libertação”. Já volto a ele. Quero antes fazer algumas considerações gerais, escreve Reinaldo Azevedo na revista Veja. Já escrevi e reitero que há duas qualidades que admiro independentemente de conteúdo ou postulações: coragem e lealdade. Não posso pensar em nada mais asqueroso do que seus respectivos contrários: covardia e traição. Ainda que eu repudie a causa deste corajoso ou daquele; ainda que eu possa achar que o beneficiado pelo amigo leal não vale o esforço, aplaudirei sempre as duas virtudes, mesmo que combata seus protagonistas. Só vale a pena viver assim. E, por óbvio, quero-me e sou corajoso e leal. A leitura de “A Ilíada” explica com mais riqueza o que vai aqui. Se um dia tiverem tempo, leiam-na.

Ao fazer essa lembrança, relevo que trato de virtudes antigas, que não têm marca ideológica. Até porque a esquerda pode ser notavelmente traiçoeira e covarde em nome da “causa”. Há rica literatura, muito especialmente a política, a respeito. E a direita pode praticar as duas coisas em nome do “pragmatismo”, já que costuma ter pouca imaginação para utopias.

“Causa” e “pragmatismo” são, pois, vestes que os pusilânimes e os vigaristas envergam sob o pretexto de cuidar da coisa pública. Cedo ou tarde, os fatos os aguardam. Se cedo, melhor: talvez haja tempo para aprender alguma coisa. Se tarde, nada a fazer. A terra há de comer mais um infeliz.

Vamos a Boff.

Este senhor, certa feita, escreveu um artigo com um ataque violento contra mim. Por quê? Quando morreu o arquiteto Oscar Niemeyer, escrevi, citando Millôr sobre um seu amigo do “Pasquim”, que o artista era “metade gênio e metade idiota”. Eu admirava — e admiro — seu trabalho; acho algumas de suas soluções admiráveis; a leveza que o concreto armado assume em sua prancheta não tem paralelo. Mas pensava o que pensava em política. O homem morreu stalinista!

Boff ficou revoltado. Este senhor pio, religioso, generoso, decidiu me chamar de “besouro rola-bosta”, expressão que a esgotosfera esquerdista repetiu até se fartar. Hoje em dia, conheço também a esgotosfera de extrema direita. São iguais em tudo. Até na venalidade. Aquela tinha seus financiadores secretos. Esta também.

O homem que me brindou com associação tão poética escreve agora um escreve um post em que entrega Lula e o PT às cobras — sim!, claro, os demais partidos, o PSDB em particular, apanham muito, ainda que de forma oblíqua. Já explico.

Espancando um tanto a língua, o que não lhe é estranho, Boff manda ver:

“Enganam-se aqueles que eu, pelo fato de defender as políticas sociais que beneficiaram milhões de excluídos, realizadas pelos dois governos anteriores, do PT e de seus aliados, tenha defendido o partido. A mim não interessa o partido mas a causa dos empobrecidos que constituem o eixo fundamental da Teologia da Libertação, a opção pelos pobres contra a pobreza e pela justiça social, causa essa tão decididamente assumida pelo Papa Francisco.”