O corte de R$ 133 milhões previsto para o orçamento da Polícia Federal em 2016 vai impactar as principais operações do órgão, incluindo a Lava Jato, disse o presidente da ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal), Carlos Eduardo Miguel Sobral. “O governo vai cortar custeio e isso é cortar diárias e passagens, o que significa limitar ainda mais a nossa mobilização de policiais, inclusive para as operações”, disse o delegado.As informações são de Rubens Valente na Folha de S. Paulo.
“Esse corte impacta as operações. O tamanho do impacto a gente vai acompanhar durante o ano, mas é temerário a gente aguardar o final do ano para olhar para trás e dizer o que foi impactado. A gente tem que antecipar. Não queremos esperar o pior acontecer”, afirmou.
De acordo com Sobral, há ainda o impacto “não mensurável de uma investigação que não é feita porque não se consegue nem começá-la”. “Sem o efetivo e a equipe, você acaba não começando uma investigação que poderia ser uma grande operação. Isso para a sociedade é muito preocupante”, disse o delegado.
Segundo o presidente da ADPF, desde 2010 a PF enfrenta o que chama de “uma involução, um encolhimento”, expressos na “redução do escopo de projetos ambiciosos”, como a criação de centros integrados de inteligência policial e análise estratégica e o programa de veículos aéreos não tripulados, e na dificuldade de mobilização de policiais para operações.
“A gente já vem com dificuldade orçamentária nos últimos anos. Todo mundo que trabalha com operações hoje já sabe que há uma dificuldade, um esforço grande para fazer a operação. Nos últimos anos tem sido assim”, disse.
A ADPF reconhece que, no papel, o orçamento da PF tem aumentado ano a ano, mas os valores não estariam acompanhando o crescimento do país e a inflação do período. Um estudo foi encomendado pela ADPF para discutir o tema.
Segundo o presidente da ADPF, o órgão está “há sete anos sem abrir uma nova delegacia” no país e tem 500 cargos de delegados e mais de 5.000 de servidores administrativos não preenchidos.
Procurada pela Folha, a direção geral da PF informou que não iria se manifestar sobre os cortes no orçamento.
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