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Copel quer triplicar acesso a banda larga

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Novo presidente reconhece desafio de reduzir o tempo para instalação do serviço. Em entrevista, ele também falou sobre os reajustes da energia e investimentos

Renan Colombo, Gazeta do Povo

Novo presidente da Copel, Luiz Fernando Vianna revelou, em entrevista concedida à Gazeta do Povo, a intenção de triplicar o número de assinantes da banda larga da empresa, chamada de BEL, numa referência ao termo “banda extra larga”. A intenção da companhia é ampliar o quadro de clientes dos atuais 22 mil para 67 mil até dezembro.

Vianna considera que a atuação nesse mercado é bastante desafiadora, diante da forte competição do setor, algo que não existe no segmento de distribuição de energia, onde há um “jogo colaborativo”, segundo ele. “As telecomunicações são uma área bastante dinâmica, em que precisamos ter uma gestão à altura dos competidores, ágil e moderna.” A rede de fibra óptica da companhia, instalada em todo o estado, é uma vantagem importante, disse.

Para Vianna, o maior desafio da Copel Telecom, braço que oferta o serviço, é reduzir o tempo de espera para a instalação da banda larga. A demanda cresceu acima da expectativa, o que faz com que o tempo médio de espera seja de cerca de 30 dias. O produto, que tem 90% de clientes residenciais, deve se expandir dos atuais 50 para 75 municípios até o fim do ano. Os pacotes, que podem incluir linha telefônica da Sercomtel, partem de 20 megabits por segundo (20 Mbps), prometem velocidade idêntica de download e upload e começam em R$ 109,90.

Na entrevista, Vianna também falou sobre o reajuste da tarifa de energia e os investimentos da nova gestão, em especial na área de energias renováveis.

Reajuste extraordinário
O presidente da Copel atribui a dificuldades conjunturais do setor elétrico a necessidade do reajuste extraordinário da tarifa, que subiu em média 36,8% no início do mês. Ele citou o fim dos aportes do Tesouro Nacional na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), o reajuste de 46% na energia vendida por Itaipu e a elevação do preço praticado nos leilões. “Isso criou um acumulado que tem de ser pago. E não teria outra forma de ser pago a não ser através das distribuidoras.”

As novas despesas, segundo ele, causaram grande impacto na empresa. “Nosso fluxo de caixa no 1.º trimestre ficou bastante desfavorável. Se não houvesse o reajuste extraordinário, a Copel entraria, com certeza, em uma paralisação. Teria de interromper seus investimentos e parar suas obras.”

Vianna afirma que o valor arrecadado com o reajuste será usado para honrar compromissos do início do ano. “Estamos deixando de ter de usar recursos da Copel Geração para fechar as contas da Copel Distribuição. Recompusemos nossa necessidade de fluxo de caixa, para não ficar no vermelho”, disse.

Reajuste anual
O reajuste anual da companhia vai ocorrer em junho, como habitual, mas ainda não há definição sobre o porcentual a ser aplicado. “Evidentemente que a gente pretende que seja algo bem inferior a esse reajuste que teve agora, mas ainda não temos condições de dimensionar quanto.”

Ele diz que a prática de diferimento – espécie de adiamento para os anos seguintes de parte do aumento – prejudicou a companhia nos últimos anos e que não há definição sobre a manutenção, ou não, dessa política. Em 2013 e 2014, os diferimentos somaram cerca de 15%, acarretando perda de receita de cerca de R$ 800 milhões à empresa. “Hoje a gente sente falta desse valor, que poderia estar no nosso caixa, contribuindo com os nossos investimentos e necessidades.”

Investimentos
Luiz Fernando Vianna destacou, entre os investimentos da companhia, a opção por energias renováveis, como a eólica, por meio do braço Copel Renováveis. “Quando tomamos posse, firmamos um compromisso de ter nessa área um dos braços fortes da empresa. Acreditamos muito nela”, diz. A empresa está em vias de inaugurar um empreendimento eólico em Rio Grande do Norte, o Complexo São Bento, com 15 centrais e capacidade de 94 megawatts ( MW).

Ele diz que a matriz prioritária de geração seguirá sendo a hidrelétrica, mas relata a intenção da Copel de apostar em diferentes canais. “É possível ter um parque eólico acoplado ao hidrelétrico, para que os nossos reservatórios funcionem com uma bateria: quando não venta, eles geram energia.”

No segmento hidrelétrico, está a prevista a conclusão das obras da usina de Colíder, em Mato Grosso. A empresa investirá também em uma usina de carvão em Sapopema, no Norte do Paraná; e na reconstrução de sua termelétrica a carvão em Figueira, no Norte Pioneiro. Há, ainda, intenção de explorar gás em Pitanga, no centro do estado. No total, a Copel pretende investir neste ano R$ 2,74 bilhões.

Baixo Iguaçu
Um projeto que tem concentrado a atenção da companhia é a construção da usina de Baixo Iguaçu, no Sudoeste do Paraná. A obra está parada há nove meses, por decisão judicial revertida na semana passada. Além disso, a recente cheia do Rio Iguaçu, em junho do ano passado, destruiu o canteiro de obras. “Estamos analisando o impacto desses problemas no custo da obra e calculando até onde vai ser necessário solicitar o reequilíbrio econômico e financeiro do projeto junto à Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica], para que a obra seja exequível”, disse.

Perfil
Luiz Fernando Leone Vianna é administrador e engenheiro eletricista. Começou a carreira na Copel em 1973, como engenheiro. Assumiu funções de gerência e se tornou, em 1999, o primeiro diretor presidente da Copel Geração. Aposentou-se em 2002. Mais tarde, assumiu a presidência do Conselho de Administração da Associação dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine). Tomou posse como presidente da Copel em 16 de janeiro, em substituição a Lindolfo Zimmer, que ocupava o cargo desde 2011.