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Contrariando o guru político, Gleisi concorrerá à Câmara dos Deputados para tentar escapar da prisão

Ucho Haddad

A fidelidade quase canina que a senadora paranaense Gleisi Helena Hoffmann, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, dedica ao seu guru, o alarife Lula, tem limites. O que parecia ser um duo esquerdista imbatível começa a apresentar fissuras as primeiras fissuras, especialmente quando o assunto é a candidatura da petista.

A divergência de opiniões entre Lula e Gleisi, que já vinha fermentando, ganhou força extra com a falta de disposição da parlamentar paranaense para concorrer à reeleição. A presidente do PT sabe que seu envolvimento no Petrolão rendeu queda vertiginosa na sua popularidade junto ao eleitorado do Paraná, o que inviabiliza o projeto de continuar no Senado Federal.

Ciente de que um mandato parlamentar lhe garante o chamado foro privilegiado – até decisão do STF sobre o tema – e pode retardar eventual condenação no âmbito da Operação Lava-jato, Gleisi está decidida a rebaixar a patente e concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados. Ou seja, o desejo do morubixaba petista ficará à margem.

Lula não aceita a decisão da pupila, que classifica como uma mensagem antecipada de derrota do PT. O petista-mor sabe que Gleisi tem remotas chances de se reeleger ao Senado, tanto pelo envolvimento pessoal em denúncias de roubalheiras quanto pelo conjunto da obra do PT, mas deseja que ela vá para o sacrifício para puxar votos para a legenda. Como se os candidatos alternativos do PT no Paraná não fossem ainda mais lamentáveis.

Por outro lado, Gleisi sabe que atender Lula significa dar alguns largos passos na direção da prisão. Afinal, se ficar sem mandato, a ação penal a que responde no STF será remetida à primeira instância, mais precisamente ao célere juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Correndo o risco de ser condenada em breve, Gleisi tenta evitar o pior. Tanto é assim, que afirmou durante evento político em Porto Alegre que em 2018 será candidata a deputada federal.

É importante ressaltar que se o STF decidir que o foro privilegiado valerá apenas em casos de crimes cometidos durante o mandato e relacionados ao mesmo, Gleisi Helena ficará perto da prisão mesmo se for eleita à Câmara dos Deputados.