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Conteúdo das denúncias de Requião é praticamente ignorado pela mídia

Conteúdo das denúncias de Requião é praticamente ignorado pela mídia

As denúncias de corrupção durante a gestão anterior, reiteradas semanalmente pelo governador Roberto Requião, têm sido praticamente ignoradas pela mídia local. A avaliação é de secretários de Estado que se manifestaram nesta segunda-feira (25) sobre a repercussão que veículos de imprensa vêm dando aos fatos apontados pelo governador.

Sem sequer checar ou apurar os casos de corrupção apresentados pelo governador, a grande imprensa desqualifica as denúncias, desconsiderando-as e apresentando-as como “ofensas morais de Requião a adversários políticos”. Ou seja — ao denunciar casos comprovados de desvio de dinheiro público, Requião é acusado de ofender os envolvidos e condenado pela Justiça a pagar multas.

Requião denunciou o desvio de recursos do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) em 2002. O pagamento à DM Construtora por uma obra já quitada trouxe prejuízos de R$ 10,7 milhões aos cofres públicos. A despesa foi autorizada no último dia útil de 2002 pelo então diretor-administrativo do DER, José Richa Filho, contrariando pareceres técnicos e jurídicos. Pela denúncia, Requião foi condenado a pagar R$ 40 mil de indenização ao ex-ministro Euclides Scalco.

O governador lamentou decisão judicial que determinou a reintegração de oito agentes penitenciários que haviam sido exonerados por espancamento de presos no Centro de Detenção Provisória de São José dos Pinhais. Requião também lembrou a operação ilegal de compra de créditos tributários da falida Olvepar pela Copel, presidida à época por Ingo Hubert — que acumulava o cargo de secretário da Fazenda. O prejuízo aos cofres públicos nesse caso chega a R$ 123,5 milhões.

As denúncias foram consideradas ofensas aos órgãos e pessoas envolvidas pelo desembargador Edgar Lippmann Júnior. Ele impôs censura prévia a Requião, que está proibido de emitir opiniões e críticas. Lippmann determinou ainda o bloqueio de R$ 50 mil da conta pessoal de Requião em decisão tomada após os advogados que defendem o governador no processo pedirem a suspeição do desembargador.

“Os fatos denunciados por Requião não são ataques pessoais, e sim mostram um governador cumprindo o seu papel de proteger o patrimônio público”, diz o secretário da Corregedoria e Ouvidoria Geral, Luiz Carlos Delazari. “O governador tem sido censurado sistematicamente e multado devido a uma visão errônea das pessoas e da mídia. Deve-se prestar atenção nos casos graves que foram denunciados recentemente, como o pagamento irregular feito pelo DER à DM Construtora”, afirma.

“O governador Requião faz a crítica ou a denúncia, e tanto a imprensa como o Judiciário vão em cima da forma como ele diz, sem discutir o conteúdo do caso. Todos sabem o que deve ser feito, que é a apuração e a punição dos responsáveis, mas isso não acontece nem pela imprensa, nem pelos Poderes. Quando acontece, é um processo muito lento”, diz o procurador-geral do Estado, Carlos Frederico Marés.

O secretário da Justiça e Cidadania, desembargador Jair Ramos Braga, também afirma notar silêncio por parte da mídia com relação às denúncias apresentadas pelo governador. “A mídia não tem se manifestado sobre as denúncias dos possíveis crimes ou responsabilidade funcionais de pessoas que foram integrantes do governo e que teriam, em tese, cometido crime”, assinala Braga.

A censura imposta pela Justiça a Requião e o silêncio da imprensa diante dos fatos expostos pelo governador são lamentados pelos secretários Rogério Tizzot (Transportes) e Luiz Fernando Delazari (Segurança Pública). Para ambos, a situação se configura num “atentado à democracia e à liberdade de expressão”.

“A censura e a distorção da imprensa sobre as opiniões e denúncias do governador Roberto Requião, além de antidemocráticos, são atos que vão contra a população paranaense, uma vez que esse governo busca a defesa do interesse público, o ressarcimento aos cofres do Estado e a punição dos responsáveis pelos desvios”, observa Tizzot.

“Especificamente no caso ocorrido no DER, em que houve pagamentos indevidos relativos à duplicação da BR-376, o governador foi rapidamente condenado por denunciar o fato e, passados cinco anos, ainda não foi julgada a ação impetrada pelo Estado para a devolução da quantia indevidamente paga”, lembra o secretário de Transportes.

“O Poder Judiciário e o Ministério Público são instituições que existem para garantir o regime democrático de todos os brasileiros, o direito de se expressarem livremente. A censura imposta por eles a um governador eleito contraria a própria finalidade da existência dessas instituições e isso ficará marcado. É uma agressão”, diz Luiz Fernando Delazari.

“O estranho é que nenhum outro membro do Ministério Público ou do Judiciário manifestou-se a respeito desta agressão”, observa o secretário da Segurança Pública. “Tenho certeza que na hora certa o Supremo Tribunal Federal colocará um ponto final nas artimanhas jurídicas e novamente será restaurado o direito para a defesa da democracia”, acrescenta.