Cerca de 40% dos 81 senadores estão sob investigação no Supremo Tribunal Federal (STF). Quase metade dos investigados é do PMDB e do PT; PP e PSDB vêm na sequência
A prisão do primeiro senador no exercício do mandato desde a redemocratização ainda constrange o Senado. Mas Delcídio do Amaral (PT-MS) está longe de ser o único com problemas na Justiça. De cada dez senadores, quatro estão sob investigação no Supremo Tribunal Federal (STF). Dos 81 integrantes da Casa, pelo menos 31 respondem a inquérito ou ação penal na mais alta corte do país. Quase metade dos investigados representa o PMDB e o PT. Juntos, esses dois partidos têm 14 nomes na lista dos senadores sob algum tipo de acusação criminal. Os dados são de levantamento feito com exclusividade pelo Congresso em Foco.
Os senadores sob investigação, as suspeitas e suas explicações
Entre os 19 peemedebistas com assento na Casa, nove são investigados por algum tipo de crime. Na mesma situação se encontram cinco dos 13 petistas. Em seguida, aparecem o PP e o PSDB com quatro parlamentares cada. Na bancada do Partido Progressista, apenas Ana Amélia (RS) e Wilder Morais (GO) não respondem a inquérito ou ação penal. Há 11 tucanos no Senado.
As suspeitas vão de crimes de corrupção, contra a Lei de Licitações e eleitorais até delitos de menor gravidade, como os chamados crimes de opinião.
Lava Jato
Ao todo, 14 senadores são investigados na Operação Lava Jato – do líder do PT, Humberto Costa (PE), ao presidente do oposicionista DEM, José Agripino Maia (RN). Entre eles, apenas Fernando Collor (PTB-AL) foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por corrupção e lavagem de dinheiro. Já Delcídio virou alvo de denúncia por tentar obstruir a Justiça. O ex-presidente é alvo de outros três inquéritos. Relator da Lava Jato no Supremo, o ministro Teori Zavascki ainda não marcou data para examinar a denúncia.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também responde na Lava Jato a cinco inquéritos por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção passiva.
O senador ainda é alvo do Inquérito 2593, que apura denúncia que o levou a renunciar à Presidência do Senado, em 2007. Desde janeiro de 2013, há um parecer da Procuradoria-Geral da República oferecendo denúncia contra o parlamentar no caso. Dois anos e meio depois, o pedido não foi analisado. Renan é acusado de peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso.
Quatro anos de prisão
Entre os senadores sob investigação, um está condenado a quatro anos e oito meses de prisão, em regime semiaberto, desde agosto de 2013. Ivo Cassol (PP-RO) até participou da votação que manteve Delcídio preso na semana passada. Cassol se agarra a recursos para não ter o mesmo destino que seu colega de estado, o ex-deputado Natan Donadon (RO), que saiu da Câmara diretamente para o Complexo Penitenciário da Papuda.
Os ministros consideraram Cassol culpado da acusação de ter direcionado licitações a empresas de conhecidos entre 1998 e 2002, quando era prefeito de Rolim de Moura (RO). O Supremo já negou recurso do senador, que insiste na expectativa de reduzir a pena. Sua última apelação estava na pauta do STF no início deste mês, mas foi retirada pelos ministros de última hora.
O ex-governador de Rondônia é o senador com mais pendências criminais no Supremo. Além da condenação, o senador acumula outros nove processos. Ele enfrenta duas ações penais, por calúnia e crime eleitoral, e outros sete inquéritos por peculato, improbidade administrativa, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, crimes contra o meio ambiente, contra o sistema financeiro e contra a Lei de Licitações. “Responderei apenas na Justiça o que devo a ela”, disse o ex-governador ao ser procurado pela reportagem.
Os dados do levantamento foram atualizados no último dia 19 na página do Supremo.
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