Josias de Souza
Com uma ponta de sarcasmo, Lula fez troça dos jornalistas e dos meios de comunicação no discurso de abertura do Congresso Nacional do PT, em Salvador. “Proporcionalmente ao seu tamanho reduzido, o setor que mais desemprega hoje no Brasil é a imprensa”, disse. Ouviram-se aplausos da militância.
“Só neste ano, tivemos 50 demissões de jornalistas na Folha de S.Paulo”, prosseguiu Lula, arrancando mais palmas da plateia. “Foram 120 demissões no Globo, 100 demissões no Estadão, 50 na Band e 120 na Editora Abril.” Nesse ponto, o plenário do congresso petista entoou um coro: “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo.”
Lula se deteve na situação do grupo que edita a revista Veja. “A Editora Abril, que publica a revista mais sórdida deste país, teve de entregar metade do seu edifício-sede, teve de vender ou fechar 20 títulos de revistas. E temos grupos jornalísticos inteiros à venda. Parece que as pessoas não querem continuar lendo as mentiras que eles publicam.”
Lula arrematou: “Essas empresas, que atacam tanto o nosso governo, não são capazes de administrar a própria crise sem jogar o peso nas costas dos trabalhadores. E acham que podem nos ensinar como se governa um país com mais de 200 milhões de habitantes!”
Na condição de político, ao criticar a imprensa que imprensa, Lula comporta-se como um comandante de navio que reclama do mar. Como ex-sindicalista, comete sincericídio ao celebrar o desemprego alheio.
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