Conferência de Igualdade Racial discutiu as condições do negro no mercado de trabalho
Antes mesmo da abertura oficial da Chamada Geral pela Integração Latino-Americana, que acontece às 15h00 desta quinta-feira (05/07), no Centro de Convenções de Curitiba, a CUT-Paraná já iniciava sua programação de atividades para o evento. Pela manhã foi realizada a 1ª Conferência de Igualdade Racial, cujo objetivo principal foi promover o debate sobre as condições dos afrodescendentes no mercado de trabalho no Brasil e no Paraná.
A primeira exposição ficou por conta de Cid Cordeiro, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), que destacou dados sobre a população afrodescendente no mercado de trabalho. “No Brasil os negros representam 47,7% dos ocupados e 55,3% dos desempregados, de acordo com o conceito de População Economicamente Ativa (PEA/IBGE). Já no Paraná os afrodescendentes são 25,76% da população e 25,3% dos ocupados. Logo, é possível afirmar que a inserção do negro no mercado de trabalho paranaense é proporcional ao que representam em termos de quantidade de habitantes”, afirmou Cordeiro.
A coordenadora do Instituto de Pesquisa da Afrodescendência (IPAD), Tânia Aparecida Lopes, expôs que quanto maior a escolaridade, maior é a diferença salarial entre brancos e negros. “Os trabalhadores brancos com 11 anos ou mais de estudo recebem em média R$ 1480,21, já os negros ganham apenas R$ 907,58. Isso significa que os salários dos negros equivalem a somente 60,5% dos vencimentos dos brancos”. Segundo ela, a maior discriminação dos negros no mercado de trabalho está relacionada à qualidade dos empregos. “Os afrodescendentes são contratados em sub-empregos, como faxineiros, serventes, entre outros. É muito raro ver um negro ocupando um cargo de alto escalão, como o de executivo, por exemplo”.
A representante do Núcleo de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Combate à Discriminação da Delegacia Regional do Trabalho do Paraná (DRT-PR), Regina do Canto, disse que o país está atrasado em relação à eliminação da discriminação dos negros no mercado de trabalho. “A Convenção 111 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que faz menção à eliminação da discriminação em matéria de emprego e profissão, foi aprovada em 1958, mas o Brasil só a ratificou em 1997”, ressaltou.
Cerca de cinqüenta pessoas participaram da Conferência, que também discutiu a implementação das propostas da CUT sobre o combate à discriminação racial e a reestruturação do CECDR/CUT-PR (Coletivo Estadual de Combate à Discriminação Racial).
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