Com um ano e nove meses para o fim do atual contrato dos pedágios no Paraná, mais de 100 km de duplicação sequer foram iniciados, segundo o Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Assinado em 1997, o acordo de concessão de 2,5 mil km de estradas por 25 anos previa inicialmente a duplicação de 995,7 km. As informações são de Brunno Brugnolo na Gazeta do Povo,
Contudo, ao longo dos anos, foram feitas mudanças nos contratos do Anel de Integração. Os chamados aditivos acabaram eliminando obras e adiando outras, restando 664 km de duplicação. Desse total, 15% das obras ainda precisam ser iniciadas e 27% estão em andamento – confira como estão as obras.
A Rodovia do Café (BR-376) entre Ponta Grossa e Apucarana é um exemplo de atraso nas obras e quando for finalizada terá pouco mais de dois terços de sua extensão duplicada. Hoje, 103 km dos 244 km estão duplicados no trecho, segundo a Rodonorte.
Trechos importantes com mais de 30 km, como na BR-277, entre Relógio e Guarapuava, no Centro-Sul, e na região metropolitana de Curitiba, entre Lapa e Araucária, na Rodovia do Xisto (BR-476) – ambos da Caminhos do Paraná –, ainda não saíram do papel e parecem cada vez mais distantes de se tornarem realidade com o curto tempo para executar a duplicação.
Por afetar menos os caixas das empresas, as alterações contratuais acabaram deixando várias obras para a reta final da concessão, ao passo que o motorista ficou anos sem boa parte das duplicações prometidas. Desde que a Gazeta do Povo havia solicitado pela última vez um levantamento do DER, há um ano e oito meses, oito trechos de 72 km foram concluídos e seis trechos de 93 km tiveram obras iniciadas – com parte já entregue.
Os levamentos citados levam em conta apenas as obras previstas nos contratos e termos aditivos vigentes. As obras que serão executadas por meio de acordos de leniência com o Ministério Público Federal (MPF) estão em fase de elaboração de projeto executivo.
Obras pela corrupção
Somado a outros fatores como o alto preço cobrado, os aditivos feitos nos pedágios do Paraná sempre levantaram suspeita, mas conseguiram superar três CPIs na Assembleia Legislativa do Paraná e só foram desmascarados há dois anos, quando a Lava Jato deflagrou a primeira operação contra as concessionárias e integrantes do governo estadual. A investigação afirma que houve o pagamento de propinas por duas décadas, entre 1999 e 2018.
Devido ao esquema, algumas das concessionárias acabaram firmando acordos de leniência com o MPF no ano passado, que incluem o pagamento de multas, redução tarifária e execução de obras escolhidas pelo Palácio Iguaçu.
A Rodonorte, por exemplo, fará ao todo mais de uma dezena de intervenções ao custo de R$ 365 milhões, entre elas a duplicação de mais de 20 km na Rodovia do Café (BR-376) na região de Imbaú, nos Campos Gerais.
Já a Ecorodovias, que controla as concessionárias Ecocataratas e Ecovia, investirá R$ 150 milhões em obras na região Oeste e no Litoral. Estão inclusas duplicações na BR-277 na região de Cascavel e na PR-407, que liga BR-277 à Pontal do Paraná.
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