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Comunicação: quem é o profissional, afinal?, por Mayara Godoy

Um dos maiores desafios dos profissionais da área de Comunicação é, na minha modesta opinião, lidar com os “palpiteiros”. Eu costumo brincar que ninguém se atreve a questionar os cálculos de um engenheiro, mas de Comunicação todo mundo jura que entende.

Não sei se por ser uma área muito dinâmica e visada, ou simplesmente por puro desconhecimento mesmo, mas as pessoas em geral costumam não respeitar o trabalho dos comunicólogos – e sofrem desse drama jornalistas, publicitários, relações públicas, etc.

Essa falta de respeito à qual me refiro fica demonstrada em inúmeras situações. Seja quando querem nos ensinar a fazer nosso trabalho, ou quando despejam críticas infundadas sobre algo que desconhecem, os palpiteiros seguem quase sempre o mesmo pressuposto: de que Comunicação é coisa simples, fácil, que pode ser feita por qualquer um.

O problema é tão sério que até mesmo o nosso “sapientíssimo” Supremo Tribunal Federal derrubou a obrigatoriedade do diploma para se exercer a profissão de jornalista. Ou seja, como se não bastasse todo esse senso comum de que nosso trabalho não é sério, ainda se tem a absurda concepção de que não há ciência, técnicas, estudos ou métodos por trás da Comunicação. Ou seja, somos sempre o “primo pobre” das profissões.

A situação é ainda mais complicada quando se exerce a Comunicação dentro de uma empresa ou instituição. Frequentemente, as ordens que vêm de cima (direção) para baixo não prezam pela qualidade da informação, ou sequer pelo bom senso – têm única e exclusivamente a intenção de satisfazer o ego de quem tem o poder. E aí, muitas vezes, o comunicólogo, por mais que tente se fazer ouvido ou aplicar seu profissionalismo, acaba tendo que simplesmente cumprir ordens, por uma mera questão de hierarquia.

Nessa hora, o conflito entre a qualidade do trabalho e as vontades do chefe costuma ser gritante. E essa constante aniquilação do conhecimento e da experiência dos profissionais, aliada à insistência dos palpiteiros em querer “ensinar o padre a rezar a missa” dificulta ainda mais a conquista de direitos para as várias categorias de comunicólogos, atrasa a regulamentação das profissões e colabora para uma massa cada vez menos capacitada de trabalhadores – afinal, por que contratar um profissional de Comunicação, se qualquer um pode fazer o que ele faz, e bem mais barato, não é mesmo?

Com o perdão das ironias, acho que é hora – ou melhor, já passou da hora – de nós, profissionais, nos valorizarmos e nos impormos mais, pois só assim conseguiremos, quem sabe um dia, obter o respeito das demais categorias e da sociedade como um todo.

Mayara Godoy é jornalista em Foz do Iguaçu e edita o blog Uma Segunda Qualquer