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Coletores perdem o dia de trabalho por causa de dívida da prefeitura

Coletores perdem o dia de trabalho por causa de dívida da prefeitura

O órgão não pagou os aluguéis atrasados e os trabalhadores deram com a cara na porta

Luciana Marschall*

Coletores de lixo reciclável ficaram sem trabalhar ontem em Foz do Iguaçu. O motivo é a falta de pagamento, por parte da prefeitura do município, do aluguel de um barracão situado no bairro Portal da Foz e utilizado para a reciclagem do material o lixo.
A proprietária do barracão fechou as portas por estar a oito meses sem receber o aluguel do local.

“A secretaria do Meio Ambiente me procurou propondo o aluguel para a prefeitura, eu abri o lugar, mas eles demoraram a fazer o contrato. Depois de sete meses vieram com o contrato e ninguém acertou os meses anteriores em que esteve funcionando”, reclama a dona do local, Ivone Bernardy.

O contrato de um ano venceu há mais de um mês e como ainda não foi renovado, Ivone fechou as portas até que a situação esteja regularizada. “Eu já tenho estes sete meses sem receber, agora o contrato venceu e eu fiquei mais um mês sem receber por não ter o contrato, contando com este último, são oito meses. Eu ligo atrás dos responsáveis e eles me enrolam, dizem que vão providenciar novo contrato. Agora eu cansei, só assino outro contrato quando receber meus atrasados”, afirma Ivone.

O pior sentimento da proprietária é o de ter sido enganada. “Eu tenho este barracão há 12 anos, já aluguei pra tudo quanto é coisa e nunca tive problemas, quando eles me contataram pensei que não haveria mal algum em confiar, afinal era para um órgão público que tem responsabilidades, cadê meu dinheiro?”

A decisão da moradora reflete diretamente a classe dos coletores e o descaso de quem deveria acertar o problema, afeta o único ganho que eles possuem. “A gente vive da reciclagem e só ganha cerca de R$ 500 s por mês, quando ganha tudo isso. Cada dia parado representa grande perda para nós. A dona está certa em fechar porque ela também tem que receber, quem está errado é quem não honra as dividas que têm”, afirma a coletora de lixo, Ivone Zimermann dos Santos.

No barracão trabalham, há dois anos, 18 pessoas. Eles coletam o lixo nas ruas, levam até o local, reciclam e revendem. Para eles a falta de respostas e soluções é o que mais incomoda. “Quarta é um dos dias em que nós mais ganhamos, e hoje ficamos sem tirar nada. Aí você liga lá e eles te passam de pessoa a pessoa e ninguém se importa em dar uma satisfação que seja. O que nós perdemos não tem mais como recuperar e ninguém vai nos pagar nada por ficarmos parados”, reclamam os trabalhadores.

A proposta de aluguel feita pela prefeitura é de R$ 400, a dívida pelos meses não pagos chega a R$ 3.200. O medo da proprietária é de jamais receber o valor. “Se eu assinar o contrato sem receber, eles vão me enrolar com o que não foi pago. Se eu não assinar, os coletores vão continuar sem trabalhar. Eu fico mal em pensar que eles estão em uma situação ruim também, mas o que eu posso fazer? Deixar a prefeitura usar meu negócio de graça? Prefiro fechar e alugar para outro”, diz Ivone Bernardy.
A dona do prédio disse também que, há um mês, avisou a secretaria de Meio Ambiente que fecharia caso não fossem regularizados os pagamentos. “Eles estavam cientes, eu avisei e eles disseram que estaria tudo resolvido em 20 dias e até agora nada”.

Ela acredita que se não resolver o problema até as eleições, corre o risco de ser esquecida. Para isso não acontecer, a proprietária cogita mover uma ação contra o órgão.

Até o fim da tarde nenhum representante público havia procurado os coletores e oferecido qualquer proposta. A categoria ameaça fazer uma manifestação nesta manhã, em frente à prefeitura, se não receberem nenhuma satisfação ou saída para a posição em que se encontram. ”Se ninguém se dispõe a vir aqui nos ouvir ou resolver o caso, nós não temos problema nenhum em ir até lá e falar para todo mundo o que está acontecendo”, encerram os trabalhadores.

A equipe do Jornal do Iguaçu procurou o secretário do Meio Ambiente, André Allkiana, mas seu celular estava na caixa postal. (*Estág. Jor)