O deputado estadual Arilson Chiorato, com mandato na presidência do PT do Paraná prorrogado até 2025, disse que o partido deve disputar as prefeituras das 399 cidades do Paraná em um campo de aliança que inclui o PV, PCdoB, PSB, PDT, MDB e PSDB. “O nosso desafio agora é arrumar o diretório e provisório em todos os municípios e disputar o máximo possível de prefeituras. Mas as principais cidades como Curitiba, Maringá, Londrina, Foz do Iguaçu, Guarapuava e outras, nós iremos disputar as prefeituras”.
A prioridade, segundo Chiorato, é derrotar e enterrar o bolsonarismo no Paraná. “O campo político amplo hoje que dá condição ao presidente Lula do país, uma aliança plural. Esse deve ser o horizonte a ser seguido nas eleições estaduais tanto no Paraná quanto em outros estados. Por isso, estamos discutindo, eu tenho conversado com todos esses partidos no estado e onde puder ter aliança nesse campo, com certeza, teremos”, completa.
Sobre o atual governo do Estado e o governador Ratinho Junior (PSD), Chiorato não alivia. “Esse negócio de metodologia no governo do Paraná não funciona. É um governo sem método algum, sem caminho. Toda propaganda do governador é tudo melhor, o maior, o primeiro, o mais forte, é um ego infinito. Se o governador tivesse 10% de capacidade administrativa do que tem o seu ego, o Paraná seria outro, com certeza.
“O governo Ratinho Junior segue a cartilha privatista neoliberal, assim como fez com a Copel, vai fazer com a Compagas, vai tentar fazer com a Sanepar.Nós já estamos cuidando disso para não deixar acontecer. É um contrassenso muito grande, contra o mundo que estatiza energia elétrica, água e saneamento, o Paraná ele vai para o mercado. O Ratinho não sabe o que está fazendo no governo do Estado. Empresas extremamente eficientes do ponto de vista financeiro e função social muito grande, o governador simplesmente atende a Bovespa e aos seus amigos, o clube do vinho que acontece no Palácio do Iguaçu depois da meia-noite. Triste isso”, completa.
O governador, segundo o deputado, não vai mais ditar as prioridades de investimentos na Itaipu Binacional. “O governo do Estado será o nosso parceiro.Se tiver algum projeto bom, a Itaipu vai financiar, mas não vai deixar o Ratinho escolher do jeito que queria, simplesmente fazer uso da forma que queria com o dinheiro do Itaipu e depois ainda propagandear e esconder a Itaipu”, afirmou.
Os principais trechos da entrevista:
A prorrogação do mandato por mais dois anos passa para as eleições municipais de 2024. Para o PT do Paraná, protagonizar a disputa nas cidades é fundamental para 2026?
As eleições municipais de 2024 são essenciais para organizar o partido para uma disputa firme no ano de 2026. Estou muito feliz com essa decisão nacional e aceitei com orgulho conduzir o PT por mais dois anos.
Conquistar um considerado número de prefeituras em 2024 também será fundamental para derrotar o bolsonarismo no Paraná?
O nosso objetivo é aumentar em muito o número de prefeituras. Chegar no mínimo a 25 prefeituras administradas pelo PT e dobrar o número de vereadores. Para isso é necessário o fortalecimento político do PT e enterrar o bolsonarismo no Paraná.
O PT vai disputar as eleições nos principais colégios eleitorais do estado?
O PT vai disputar as eleições em todas as cidades do Paraná. Vamos organizar a chapa. O desafio agora é arrumar os diretórios em todos os municípios e disputar o máximo possível de prefeituras. Mas as principais cidades como Curitiba, Maringá, Londrina, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Cascavel, Ponta Grossa e outras, nós iremos disputar as prefeituras. Estamos construindo isso já.
A deputada federal Carol Dartora e o deputado federal Tadeu Veneri despontam como pré-candidatos à prefeitura de Curitiba. Quais são os outros nomes?
Com certeza tanto a Carol quanto o Tadeu são excelentes nomes para a prefeitura de Curitiba. Mas tem outras pessoas e outros nomes também que a gente tem que discutir. Tem a deputada Ana Júlia, os deputados Requião Filho e Renato Freitas, o vereador Angelo Vanhoni, as vereadoras Professora Josete e Giorgia Prates. O PT tem bastante quadros e pessoas que tiveram uma história no PT, com certeza estão aptos a disputar a prefeitura de Curitiba e o PT terá candidato.
Como o senhor avalia a proposta do PT apoiar a candidatura do deputado federal Luciano Ducci do PSB à prefeitura de Curitiba?
Nós vamos discutir as alianças e seguir o leque de aliança nacional. O PSB é um partido companheiro em nível nacional. É o partido do vice-presidente Alckmin e os entendimentos serão de ter uma ampla aliança no Paraná, em todas as cidades, quando possível repetir a coligação vitoriosa que deu a eleição a Lula e hoje tem uma fonte mais ampla ainda. Pode ser uma das possibilidades, mas, a priori, queremos ter a nossa própria candidatura.
Além do PV do PCdoB, o campo de alianças do PT nas eleições municipais pode incluir PSB, PDT, PSDB e MDB?
Com certeza, o campo político amplo hoje que dá condição ao presidente Lula do país, uma aliança plural, inclusive em estar no governo e votar no Congresso Nacional. Esse deve ser o horizonte a ser seguido nas eleições municipais e estaduais tanto no Paraná quanto em outros estados. Por isso, tenho conversado com todos esses partidos no estado e onde puder ter aliança nesse campo, com certeza, teremos.
A decisão do TCU sobre a Usina Foz de Areia não pode atrapalhar o plano antiprivatista em relação à Copel?
A decisão não é muito positiva, mas foi antes de descobrirmos as falhas que existiam no processo do leilão da Copel. Essa decisão é um pedido do Governo do Estado feito no ano passado. Hoje, em três ações sobre a Copel, primeiro a falta de autorização da Aneel, que é a agência reguladora e que a Copel deveria ter consultado, não o fez. Esse é um ponto. O segundo ponto é o BNDES. A lei de forma impositiva diminuiu a participação do BNDES que é o segundo maior acionista com direito a voto. Notificamos o BNDES que com certeza vai tomar providência. E um terceiro assunto é a do litígio envolvendo o Itaú e o Estado que foi omisso e omitiu essa informação, não foi colocada durante esse processo. Existe uma disputa judicial, o Itaú comprou o Banestado e o Banestado tinha ações cuja base de garantia eram ações da Copel, isso em 1997. Agora esse imbróglio jurídico chega a R$ 3,6 bilhões E nesse sentido, é uma ação muito grande. O governo do Estado estava tentando pagar precatórios, o STF disse que não podem ser precatórios e agora o governo está tentando fazer uma conciliação com ações da Copel, o que tornaria o Itaú maior acionista da Copel. Isso também já peticionamos e estamos acompanhando. A Copel, eu tenho certeza, vai voltar para as mãos do povo paranaense pelo excesso de falhas e de abuso nesse processo feito na Assembleia Legislativa.
O senhor não considera que a Sanepar padece da mesma situação da Copel? O Governo do Estado vai tentar privatizá-la?
Eu não tenho dúvida disso. O governo Ratinho Junior segue a cartilha privatista neoliberal, assim como fez com a Copel, vai fazer com a Compagas, vai tentar fazer com a Sanepar. Já estamos cuidando disso para não deixar acontecer. É um contrassenso muito grande contra o mundo que estatiza energia elétrica, água e saneamento, e o Paraná vai para o mercado. O Ratinho não sabe o que está fazendo no governo do Estado. Empresas extremamente eficientes do ponto de vista financeiro e função social muito grande, o governador simplesmente atende a Bovespa e aos seus amigos, o clube do vinho que acontece no Palácio do Iguaçu depois da meia-noite. Triste isso.
Qual é a avaliação do PT sobre a venda da Compagas?
O processo será aos moldes do que foi a Copel. De forma rápida para não ter discussão com a sociedade e vai se entregar a preço de banana. Coisa costumeira ultimamente no Palácio do Iguaçu. A Compagas, na minha avaliação, depois da Copel é a primeira da lista. Inclusive, o governo já está fazendo estudos para fazer o mesmo que fez com a Copel. É lastimável mais uma vez
Há condições de interromper a venda da Repar e o Governo Federal retomar a usina do xisto?
Nós estamos trabalhando nisso com o governo federal para rever essa questão. Essas usinas são importantes para o estado do Paraná no desenvolvimento e também para a soberania nacional. Na semana que vem, eu vou me reunir com o presidente (Jean Paul Prates) da Petrobras, inclusive para discutir este assunto. É muito importante essa retomada política, de querer as empresas estatais nas mãos do governo brasileiro. E claro que no Paraná, vamos fazer o possível para reverter todas as privatizações.
O paranaense terá um pedágio barato com as obras de duplicação apesar da contínua refrega com o governo do Estado?
A nossa luta da frente parlamentar e do PT é para ter um pedágio barato. Nós defendemos as mesmas obras, defendemos o mesmo desenho logístico, o que defendemos diferente é essa modelagem. O governo Ratinho e o ex-presidente Bolsonaro criaram um edital de 35 anos de contrato, dez a mais do que o outro, que salta de 27 praças para 42, que aumenta o parque de rodagem de 2,2 mil para 3,3 mil quilômetros e põe um modelo que vai custar R$ 21 a cada 100 quilômetros. É o modelo do Lerner, que é o antigo, custava R$ 19 a cada 100 quilômetros.
Nós, da Frente Parlamentar sobre o Pedágio e o PT, queremos um leilão sem nada que impeça dar desconto, ou seja, sem o aporte, sem a outorga e sem conta vinculada, que é o que tem no edital hoje. Há um mecanismo que barra o desconto e nós queremos mudar isso. Só tirando esse aporte e colocando caução de letra de do tesouro nacional como garantia da obra, a gente estima baixar em 30% a tarifa. A nossa luta é para ter a cada cem quilómetros, R$ 10 a R$ 12 no máximo o valor da tarifa do pedágio no Paraná
O presidente Lula pediu aos governadores a lista de três obras prioritárias e o governador Ratinho Júnior foi difuso. Apontou de forma genérica, obras rodoviárias, apoio à implantação da Ferroeste, a formação de fundo regional e participação de recursos da Itaipu. Como o senhor avalia essa questão da Itaipu, já que a propaganda estadual e a eleitoral do governador incluiu as obras custeadas por Itaipu como seus feitos, não há um contrassenso nisso, vai acabar a teta do Ratinho Júnior na Itaipu?
O governador Ratinho, sem ter uma direção ao Paraná, foi na reunião com uma proposta genética. Primeira, a criação de um fundo para ele próprio praticamente decidir o que vai ser feito. É isso que ele quer. Segundo falar da Ferroeste. Nem sequer resolve o pedágio já está querendo falar de um outro modal. O modal rodoviário é mais importante do que o modal ferroviário. Não que não mereça atenção a Ferroeste é que nós, pela característica geográfica, precisamos mais de rodovias do que ferrovias no momento. Temos que resolver esse problema primeiro para depois resolver a Ferroeste.
E claro, o Ratinho está preocupadíssimo com a Itaipu. A Itaipu financiou 100% de várias obras cuja propaganda foi do seu governo. A ponte nova que liga o Brasil ao Paraguai, a duplicação da Rodovia das Cataratas, obras como a Boiadeiro, obras em Guaíra. Tem várias obras também em outros outros municípios que o Estado só coloca a placa e leva o rojão. Claro que com certeza a Itaipu terá uma nova dinâmica. A Itaipu vai continuar com investimentos no Paraná. Eu tenho certeza disso, porque sabemos o compromisso e o potencial da Itaipu em fomentar o desenvolvimento do Estado. Porém, vamos tratar isso com política pública nacional via ministério e quando der, é claro, direto com os municípios.
O governo do Estado será o nosso parceiro. Se tiver algum projeto bom, a Itaipu vai financiar, mas não vai deixar o Ratinho escolher do jeito que queria, simplesmente fazer uso da forma que queria com o dinheiro do Itaipu e depois ainda propagandear e esconder a Itaipu. É assim que ele fez durante o seu governo todo. Lembre-se que as obras que ele inaugurou eram do pedágio ou da Itaipu. Poucas obras, mas um grande negócio mercadológico de mídia feito pelo governo do Estado. O que assusta o Ratinho, na minha avaliação política, além do pedágio, além da Copel, é também a Itaipu que vai deixar de ser aí um puxadinho do Palácio do Iguaçu. Não estou dizendo que a Itaipu não vai ser parceira do Paraná. Muito pelo contrário. Vai aumentar os investimentos no Paraná mas não vai ser submissa a decisão política do Ratinho.
Como o PT vê o mantra dicotômico do governador sobre ideologia versus metodologia que ele tem repetido ad infinitum na imprensa?
Na verdade, o governador repete uma coisa que não existe. É um mantra que ele cria para dar a narrativa que ele acha melhor Nós do PT, temos compromissos com as bandeiras da nossa fundação e com as bandeiras que o povo brasileiro necessita. Por isso discutimos abertamente as nossas posições e não ficamos com esse enrola-enrola do Ratinho. Esse negócio de metodologia no governo do Paraná não funciona. É um governo sem método algum. Veja como ele trata as coisas: o secretário de Fazenda (Renê Garcia Júnior) apresentou um número, o governador fala outro e na Assembleia, tem outro. Não tem metodologia nenhuma, é um governo sem caminho. Isso que dizia que o compliance era o melhor do Brasil, aliás toda propaganda do governador é tudo melhor, o maior, o primeiro, o mais forte, é um ego infinito. Se o governador tivesse 10% de capacidade administrativa do que tem o seu ego, o Paraná seria outro, com certeza.
O governador tem se movimentado por espaço na imprensa nacional. Ele tem em estofo para um uma projeção nacional?
É um direito dele. Fazer todo o encaminhamento que achar necessário para disputar uma eleição de presidente. Eu acho muito difícil, acho que ele não tem condições, inclusive administrativa, de ser presidente do Brasil. Mas é um direito dele, está procurando espaço. Se declarou oposição ao Lula. Nunca tinha visto o governador falar em oposição ao presidente. É a primeira vez. E diz aí que pode ser candidato à sucessão do presidente Lula. Espero que ele cuide do Paraná primeiro antes de ficar viajando para o lado e para cá, falando que é candidato. O Paraná tem muitos problemas que não foram resolvidos. E claro, espero de verdade, que ele faça valer a propaganda dele e execute as coisas do Paraná como tem que ser executadas. Eu não acredito muito que ele vá disputar a presidência da República, mas eu acredito muito que o Lula vai cuidar do Paraná assim como vai para outros estados.
Há um projeto ou programa que vale destacar do atual governo estadual?
O maior programa que tem no governo do Estado é o programa Meu Campinho. Que é feito por todo o Paraná. É a única marca que tem esse governo. Se você pegar os outros governos, o Requião por exemplo, tinha o Leite das Crianças, o Trator Solidário, a Clínica da Mulher. O próprio Beto Richa tinha o programa Mãe Paranaense. O governo Ratinho, o único projeto que tem hoje é o Meu Campinho, os outros são programas de televisão que passam pela mídia. Não há uma marca nesse governo. E é um governo difuso. Infelizmente, ele conseguiu um resultado eleitoral por conta de vários contextos que não a gente não teve como fazer diferente.
Eu acho que o governador está com dificuldade de colocar uma marca em seu governo. Eu não tenho nada a destacar. Aliás, eu quero destacar que a coisa que funciona no governo é a propaganda e a publicidade. Essa funciona bastante. Aliás tem um volume imenso de recursos, para fazer as coisas muito mais do que os outros setores essenciais e a propaganda dele passa na televisão, passa no rádio, passa no celular, passa no Google, passa em tudo quanto é lugar. A propaganda, acho que é o melhor lado do governo Ratinho.
O senhor será um dos pré-candidatos do PT ao governo do Estado em 2026?
Se o PT do Paraná desejar isso, posso ser sim um dos pré-candidatos. Agora, o PT tem vários quadros no Paraná. Temos cinco deputados federais, sete deputados estaduais, temos ex-prefeitos, ex-senadores, várias pessoas que podem contribuir para uma disputa no governo do Paraná. Eu, se for de entendimento do meu partido e claro, se as condições forem para ter uma candidatura própria, com o aval do presidente Lula, não tenho dúvida nenhuma que eu estou à disposição.
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