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Chico Brasileiro defende coligação pragmática

Denise Paro e Fabiula Wurmeister
Gazeta do Povo

O PCdoB é um partido com DNA socialista. Mas em Foz do Iguaçu, fez uma coligação com o PDT e agora está em agremiações com características de direita, como o PP. O partido hoje não faz jus à própria ideologia?
A governabilidade de uma cidade deve ser feita com base em pontos estratégicos. Não se observa muito a carta ideológica de cada partido porque as cidades têm problemas comuns, independente de siglas. Por mais que um partido seja ideologicamente de um segmento, uma facção ou uma tendência, do ponto de vista das cidades, precisa se especializar em alguns aspectos, como por exemplo, planejamento urbano. E, o planejamento urbano não tem ideologia, precisa ser feito. No caso da Saúde, enquanto alguns acreditam mais em métodos privatistas, outros preferem mais os métodos estatais. Independente destas questões ideológicas, os investimentos em Saúde também precisam ser executados. Os temas principais hoje unem a cidade, não do ponto de vista ideológico, mas de realização para a melhoria da qualidade de vida dos seus moradores. Diferente de uma eleição nacional, nas municipais o enfoque é voltado aos problemas da cidade. Nossa ideia é unir as forças para um projeto de cidade, independente se são forças de esquerda, de centro-esquerda ou de direita.

A Coligação Foz Unida e Forte reúne 12 partidos. Um deles é o PMDB, adversário político histórico do atual prefeito Paulo Mac Donald e de outros partidos que integram a coligação. Como o senhor pode explicar esta disparidade?
Para o nosso projeto de cidade o PMDB é importante porque tem o ministro do Turismo, que tem uma relação muito forte com Foz do Iguaçu, tem o vice-presidente da República e tem vários deputados e senadores. Isso pode abrir portas. Para transformarmos Foz do Iguaçu em uma grande cidade, com grandes oportunidades, este tem que ser o nosso projeto: aproveitar todo esse cenário favorável e dar a infraestrutura que a cidade precisa e para que ela ganhe com esse processo de crescimento do Brasil. Para fazermos tudo isso é preciso ter bons aliados e é aí que o PMDB entra, assim como o PT, o PDT, o PP e o PR, todos se juntam para um grande projeto de cidade.

No plano de governo do senhor, há proposta para incrementar o policiamento comunitário. Essa proposta já havia sido anunciada pelo prefeito Paulo Mac Donald, por meio do projeto Xerife nos Bairros, que acabou não dando resultados. Como o senhor poderia efetivamente resolver o problema?
Não chamo o projeto de Xerife nos Bairros, esse nome, particularmente, está fora do contexto. O importante é que tenhamos um reforço do policiamento comunitário. A Guarda Municipal auxilia esse policiamento comunitário, mas se integrando com a PM, com as outras forças de segurança, para que haja uma presença maior nos bairros, ou seja, conhecendo as famílias, o comércio, a realidade de cada bairro e tendo pessoas que possam realmente proteger a comunidade e evitar danos com a violência. O policiamento comunitário é uma integração e não se dá através de um homem ou de um policial, como passa a impressão do termo Xerife nos Bairros, mas de ações conjuntas das polícias e acima de tudo da própria comunidade para que todos possam agir para evitar o crime naquele local.

Foz do Iguaçu será sede do X-Games e também receberá mais turistas em função da Copa e das Olimpíadas no Brasil. Apesar de o setor turístico ter reagido nos últimos anos, aspectos básicos como o portal de entrada da cidade e o Marco das Três Fronteiras foram esquecidos na gestão em que o senhor ocupou o cargo de vice-prefeito. No seu plano de governo, está contemplada a revitalização desses dois pontos e a efetiva utilização do Centro de Convenções. Com quais recursos e de que forma o senhor pretende viabilizar isso?
Nós já temos projetos no Ministério do Turismo para revitalizar desde o Portal da Cidade, todo o corredor turístico, até as Cataratas. Tudo com iluminação de led, iluminação nova, com postes mais modernos, ajardinamento, calçadas e meio-fio. Esperamos que ainda este ano os recursos previstos para esta revitalização sejam liberados. Se não, vamos trabalhar nestes projetos a partir do ano que vem, aí entra a importância da articulação política para que a gente consiga tirar estas ideia do papel e poder implementá-las. Isso garante uma cidade mais agradável ao turismo. Mas, não para por aí. Nossa meta é também aumentar a taxa de permanência do turista em Foz do Iguaçu, que hoje é de três em média. Se conseguirmos aumentar em mais um dia essa permanência, vamos poder gerar mais 5 mil postos de trabalho nos próximos anos com o turismo. A proposta é implantar um parque temático em Foz do Iguaçu, que tenha além de um parque aquático outros atrativos como um orquidário, por exemplo. Outro ponto importante serão os projetos de revitalização do Marco das Três Fronteiras, somado ao Projeto Beira Foz, de reurbanização da barranca do Rio Paraná, à construção de um Teatro Municipal para que o turista que venha para cá possa ter também uma opção cultural, para trazermos grandes eventos, e a um Mercado Municipal, um espaço para se vender o nosso artesanato, porque o turista sempre gosta de levar uma boa lembrança dos lugares que visita.

Os altos índices de homicídio entre jovens levou Foz do Iguaçu a ocupar por três anos consecutivos o topo do ranking nacional nesta categoria. Como este problema será tratado na sua administração?
Nós queremos ter um foco para a juventude. Garantir o estudo e dar bolsas de apoio para aqueles jovens em situação de vulnerabilidade para que não precisem buscar fontes de renda no crime ou em atividades pesadas e que os impeçam de dar continuidade aos estudos. A nossa ideia é combinar estudo com o trabalho de aprendiz. Se o jovem estuda pela manhã e passa a estudar à noite para poder trabalhar, a chance de deixar a escola é muito grande. A necessidade de trabalhar é uma das grandes causas da evasão escolar. Queremos que esse jovem permaneça estudando durante o dia e em outro horário terá uma atividade de aprendiz com o auxílio de uma bolsa no valor de um salário mínimo, uma espécie de subsídio para ele permanecer na escola. Esse salário poderá ser pago pela prefeitura, quando esses jovens desenvolvessem seu trabalho de aprendiz na administração pública. Vamos incentivar a iniciativa privada para que também participe deste projeto para mantê-los na escola, por meio da qual ele poderá ter uma perspectiva de vida melhor.

Haverá algum incentivo à instalação de indústrias e à qualificação da mão-de-obra?
Entre nossas metas está a criação de 15 mil empregos para os próximos quatro anos: 5 mil na área de turismo, 5 mil na área de serviços e outros 5 mil na área de construção civil, indústria e processamento de mercadorias. Todos os dias a Estação Aduaneira de Foz do Iguaçu fica repleta de caminhões que muitas vezes ficam vários dias parados a espera da liberação dos documentos. Nas cargas estão produtos que vêm no Paraguai, da Argentina e do Chile e que poderiam ser processados aqui e entrar no mercado brasileiro com uma marca de Foz do Iguaçu. Um exemplo é o que acontece com o feijão argentino que passa por aqui e é levado até Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo onde é ensacado e distribuído. Por que não ensacar esse feijão aqui em Foz do Iguaçu? Isso agregaria valor, geraria mais impostos para a nossa cidade e também mais empregos. Para que isso possa acontecer é importante que haja uma negociação com o governo federal para que possamos realocar o Porto Seco para um lugar mais amplo, onde seja possível construir os barracões onde as indústrias se instalariam para beneficiar os produtos. Paralelamente a isso, vamos qualificar as pessoas, o que não demanda muito investimento, tendo em vista que seria necessário apenas aprender a ensacar e conhecer estas mercadorias. Essa seria uma oportunidade para aproveitarmos muito desta mão-de-obra que passou anos só trabalhando com mercadorias do Paraguai, assim como os jovens. Outra alternativa seria investir no incentivo à vinda de novas empresas para o Distrito Industrial que já conta com cerca de mil empregos, número que deve chegar a cinco mil nos próximos anos.