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Centrão se afasta de Ciro e fecha apoio a Alckmin nas eleições

TQ SÃO PAULO 17.05.2018 NACIONAL ELEIÇÕES 2018 Geraldo Alckmin, pré-candidato à Presidência do Brasil pelo PSDB, apresenta sua equipe econômica caso seja eleito nas próximas eleições. Na mesa completa, da esquerda para a direita: Luís Felipe D´Ávila, Edmar Bacha, Geraldo Alckmin, José Roberto Mendonça de Barros e Alexandre Mendonça de Barros. FOTO TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Na véspera da convenção que vai oficializar a candidatura de Ciro Gomes (PDT) à Presidência da República, o Centrão mudou de lado nas eleições 2018 e decidiu fechar aliança com o ex-governador Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB. A reviravolta de última hora ocorreu depois que o PR, chefiado pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto, se juntou ao bloco, formado por DEM, PP, Solidariedade e PRB. As informações são de Vera Rosa e Felipe Frazão no Estadão.

Em reunião realizada nesta quinta-feira, 19, em São Paulo, dirigentes do Centrão disseram a Alckmin que, se não houver nenhum obstáculo no meio do caminho, o acordo pode ser anunciado oficialmente no próximo dia 26. Nos bastidores, três presidentes de partidos disseram ao Estado que a aliança do bloco com o PSDB já está acertada. O candidato a vice na chapa do tucano será o empresário Josué Gomes da Silva (PR), filho do ex-vice-presidente José Alencar, morto em 2011.

No mercado eleitoral, o apoio do Centrão é visto como muito importante na disputa pela Presidência. Juntos, os partidos têm no mínimo 4 minutos e 12 segundos por dia no horário eleitoral de rádio e TV, que começa em 31 de agosto. O PR dispõe de mais preciosos 45 segundos. Na Câmara, esses partidos somam uma bancada de 164 dos 513 deputados.

Valdemar Costa Neto, o fiel da balança

A mudança do bloco, que até os últimos dias estava inclinado a avalizar a candidatura de Ciro, foi resultado de uma soma de fatores políticos. O peso maior, porém, é atribuído a Valdemar, que atuou como uma espécie de fiel da balança no bloco e exigiu composição com Josué de vice.

Alckmin desmarcou compromissos em Montes Claros (MG), ao lado do senador Antonio Anastasia – pré-candidato do PSDB ao governo de Minas – para conversar ontem com representantes do Centrão.

Antes, o PR negociava apoio a Jair Bolsonaro, presidenciável do PSL, que está em primeiro lugar nas pesquisas em cenário sem a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso da Lava Jato, na disputa eleitoral. Como a aliança com Bolsonaro não vingou, Valdemar se juntou ao Centrão.

Um jantar com integrantes do bloco, na casa do senador Ciro Nogueira (PP-PI), na quarta-feira, praticamente selou o destino do grupo. Ali, Valdemar manifestou sua preferência por Alckmin, em vez de Ciro, mas disse que seguiria a posição do bloco, qualquer que fosse. Sua única exigência era fazer Josué vice de alguma das chapas.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estava no Chile e não participou do jantar, mas foi consultado por telefone. Anfitrião de um café da manhã com o grupo nesta quinta-feira em sua casa, Maia ouviu as ponderações de Valdemar e percebeu que não tinha maioria nem no DEM para o aval a Ciro.

Além disso, declarações do pré-candidato do PDT – consideradas desastradas –, como o xingamento a uma promotora de Justiça, na ação movida por injúria racial em declaração crítica ao vereador paulistano Fernando Holiday (DEM), contribuíram para o Centrão ficar com receio de marchar com ele.

Discurso econômico de Ciro irritou Centrão

Pesou ainda contra Ciro o fato de ele não ter conseguido manter um discurso econômico alinhado com o que os liberais do Centrão acreditam. A pedido de Maia, o economista Claudio Adilson Gonçalez se reuniu com Mauro Benevides, responsável pelo programa econômico da campanha do PDT, e saiu da conversa dizendo que a linha de pensamento “não é conciliável” e o discurso de Ciro é “perigoso e desestabilizante”. Outro fato que irritou o Centrão foi a crítica do presidenciável do PDT ao acordo da Embraer com a Boeing, chamado por ele de “clandestino”.

Além de oferecer Josué como vice, o bloco exigiu como condição para o apoio a recondução de Maia à presidência da Câmara, se o deputado e Alckmin forem eleitos. O tucano aceitou. Na quarta-feira, o ex-governador elogiou o filho de José Alencar. “Josué é uma pessoa pela qual tenho grande estima”, disse Alckmin.