EXCLUSIVO
Caso Transmurbak: Declaração com assinatura de vereadores derruba versão do Executivo
Empresário diz ter procurado vários representantes do Executivo de Foz do Iguaçu, antes de pedir ajuda de Pastorello; Jornal do Iguaçu traz a declaração com exclusividade
O caso envolvendo o empresário iguaçuense da Viação Transmurbak, Silvio Marcos Murbak, que denunciou o secretário de Governo, Nilton de Nadai e um vereador por extorsão, ainda está longe de chegar ao fim. O suposto pedido de propina ainda motivou uma Comissão de Inquérito na Câmara Municipal, que está investigando a situação.
A acusação abalou o Poder Executivo de Foz do Iguaçu, que rebate afirmando que Nadai “em momento algum opinou no processo em questão”, disse, em nota, a prefeitura publicada no Jornal do Iguaçu, na edição do dia 16 de março. No entanto, um documento de 22 de junho de 2006 , que traz a declaração do empresário, assinado pelos membros da Comissão de Educação, Esporte, Saúde, Assistência Social e Defesa do Cidadão, os vereadores Valdir de Souza e Nanci Rafain Andreola, ressalta que além do secretário Nadai, um vereador estava ciente de toda a situação.
O Jornal do Iguaçu, teve acesso ao documento da Comissão, através do secretário geral do PSDB em Foz, Hamilton Serighelli, que rebate as informações da prefeitura.
Murbak destaca em seu depoimento, que desde janeiro de 2005, procurou vários secretários do governo Paulo Mac Donald, na tentativa de receber R$114 mil, que afirma ser uma dívida referente a serviços feitos por sua empresa, que não foram pagos na administração anterior (Sâmis da Silva)
Denúncia de extorsão – Segundo o depoimento de Murbak para a Comissão, ele foi procurar a secretária de Educação, professora Maria Bernardete Sidor em janeiro de 2005 para resolver o problema referente à dívida. “A secretária foi em busca das notas fiscais de prestação de serviço que se encontrava em posse do município, mas fui informado que as notas haviam sumido, sendo encontradas posteriormente, pois as notas estavam no arquivo morto da Secretaria de Educação”, relatou Murbak.
O empresário ainda destaca na declaração que posteriormente foi procurado em sua casa pelo assessor do vereador acusado de extorsão, revelando que o mesmo gostaria de olhar toda a documentação. “Fomos em direção ao gabinete do secretário Nadai, pois tínhamos reunião marcada, mas antes o vereador revelou que ´iriam tentar agilizar o pagamento para o recebimento da dívida, que seria de R$114 mil, mas para agilizar teria que dar R$50 mil para os dois (vereador e secretário); ou seja, R$25 mil para cada”, descreve no depoimento o empresário, que ainda continuou as acusações afirmando que depois de uma reunião entre o vereador e Nadai, o empresário foi informado que teria mesmo que fornecer R$50 mil para receber a dívida, caso o contrário seria muito difícil receber.
Murbak relatou que depois de dois dias voltou, sem o vereador, ao gabinete do secretário, que na ocasião teria, segundo o depoimento, reforçado o pedido de propina. “Marcos, se você não der esse dinheiro, vai ser difícil você receber os R$114 mil, porque nós vamos trancar todas as portas da prefeitura para você”, teria falado Nadai para Murbak, de acordo com o depoimento do empresário registrado na Câmara.
Acesso negado – Ainda segundo o empresário o acesso ao prefeito Paulo foi impedido. O empresário ainda revelou à Comissão que foi procurar várias Secretarias do governo atual e, que em uma dessas reuniões teve seu depoimento gravado, mesmo sem seu conhecimento. “Fiquei sabendo por uma servidora pública que esta gravação foi levada ao conhecimento de Paulo”, disse. Ressaltando estar cansado de conversar com secretários, “que são todos da mesma laia”, Murbak estava cobrando uma reunião com Paulo, o que não aconteceu.
Conforme publicado no JI, a prefeitura rebate a cobrança de Murbak: “Em data de 01/07/2005 a secretária de Educação, Maria Bernardete Sidor, solicitou parecer da Procuradoria, pois achou estranho que no relatório apresentado pela Transmurbak constavam passeios de alunos antes do início do ano letivo, após o termino do período de aulas, nas férias, no Carnaval, outros feriados e recessos. No relatório constavam também passeios ao Refúgio Biológico que, no período, estava fechado para reforma”.
Transmurbak e Pastorello – A nota enviada pela prefeitura, afirma que a “polêmica levantada pelo vereador Djalma Pastorello é mais uma tentativa de desestabilizar a atual administração”. Porém, Pastorello questiona esta situação, pois “somente ficou sabendo de toda a situação, quando um homem, que mora em seu prédio que também é amigo de Murbak, fez com que ficasse sabendo de tudo, inclusive do pedido de propina”, diz.
“Estive na Câmara e mostrei toda a documentação para Pastorello, que perguntou se eu contaria a denúncia para os demais vereadores. Disse que sim. Foi o que acabou acontecendo, na presença de onze vereadores, incluindo o vereador acusado de pedir o dinheiro”, conta Murbak à Comissão.
“O Paulo é mentiroso, quando afirma que o Pastorello está tentando dar um golpe contra seu governo. Ele somente está investigando uma denúncia que aconteceu no ano passado. Ficou sabendo depois que o empresário tentou conversar com muitos secretários antes. O depoimento foi feito na Comissão na Câmara, que tem a assinatura dos vereadores Valdir de Souza e Nanci Rafain Andreola, que encaminharam a denúncia para o presidente da Câmara, Carlos Budel”, disse o secretário geral do PSDB em Foz, Hamilton Serighelli.
Com medo de ameaças – O empresário ainda disse em seu depoimento que estava com medo de ameaças. “Fui procurado em casa pelos assessores do vereador que pediu o dinheiro, afirmando para tirar o nome deste vereador de todo o processo. Eu estou me sentindo ameaçado. Comuniquei a toda a minha família dos acontecimentos e do meu temor (…). Estou sendo julgado como golpista, mas somente estou pedindo que os vereadores me ajudem”, disse o empresário no depoimento.
A CI instalada na Câmara irá procurar todos os nomes citados pelo empresário, para que a investigação aconteça com clareza.
(Stela Marta – www.ji.inf.br)
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