O início da semana já começou conturbado para o governo Michel Temer, com a revelação de um diálogo gravado em março do agora ministro do Planejamento, Romero Jucá, divulgado pela Folha de S. Paulo. Ele sugere ao ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que uma mudança no governo federal resultaria em um pacto para estancar a sangria representada pela Lava Jato. E esta gravação já deve ter um impacto sobre o governo Temer, conforme indicam os analistas políticos e econômicos.
“O caso Jucá é um problema sério. Mostra como a Lava Jato, uma das causas para queda de Dilma, ameaça o governo Temer. Além disso, a gravação e a divulgação da conversa indica briga de bastidor entre alas do PMDB”, afirma o analista político da MCM Consultores, Ricardo Ribeiro. Em conversa com Machado, após o ex-presidente da Transpetro afirmar que a solução mais fácil para estancar a “sangria da Lava Jato era botar o Michel Temer”, Jucá afirmou que só opresidente do Senado Renan Calheiros “estava contra isso”, porque não gosta do Michel, “porque Michel é Eduardo Cunha”.
Conforme ressalta a Rosenberg Consultores Associados, “a capitulação de Jucá se torna um revés significativo ao governo interino, exatamente em um momento de alta sensibilidade popular às investigações de corrupção”.
Por outro lado, destaca Ribeiro, esta questão não afetará mudança da meta, que será aprovada, provavelmente nesta semana, ou no máximo na próxima semana. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciou na sexta-feira, 20, a novameta do resultado primário 2016, que será enviada ao Congresso com um déficitde R$ 170,5 bilhões. Meirelles avaliou que a meta foi desenhada dentro de “parâmetros realistas e próximos aos de mercado”.
“Embora não seja politicamente mortal, o conteúdo da gravação enreda ainda mais Romero Jucá com a Lava Jato”, destaca a MCM, ressaltando que a parece haver no partido do presidente interino, Michel Temer, interessados em desequilibrar o seu governo. “Aumentará a partir de agora a pressão para que Jucá, um nome importante na articulação política e na área econômica, deixe o Ministério. Por enquanto, ele fica. Mas a chance de sair aumentou, até por que podem aparecer novas gravações”, afirma a MCM.
Vale destacar que, segundo a colunista Vera Magalhães, do Radar Online da Veja, Sérgio Machado negocia delação premiada e, se colaborar com as investigações, poderá explodir a cúpula do PMDB do Senado, que durante dez anos bancou sua permanência no comando da empresa. “Ele foi indicado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, mas pode implicar ainda o próprio Jucá e nomes como o ex-presidente José Sarney e o ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão”, afirma a colunista.
Com informações da Infomoney
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