Por Fernanda Trisotto, na Gazeta do Povo:
Treze anos depois de ser absolvida, Beatriz Cordeiro Abagge volta ao banco dos réus hoje para ser julgada novamente pela morte do menino Evandro Ramos Caetano, assassinado em um suposto ritual de magia negra.
O crime ocorreu em 1992, em Guaratuba, no litoral do Paraná, quando o menino tinha 6 anos.
O corpo dele foi encontrado cinco dias após seu desaparecimento, em um matagal. A sessão no Tribunal do Júri de Curitiba, no Centro Cívico, está prevista para começar às 9 horas.
Acusadas como mandantes do assassinato, Beatriz e a mãe Celina Abagge foram julgadas pela primeira vez em 1998 no mais longo júri da história da Justiça brasileira – foram 34 dias de julgamento.
Na época, mãe e filha foram consideradas inocentes porque não ficou comprovado que o corpo encontrado desfigurado em um matagal era de Evandro. O Ministério Público (MP) recorreu da decisão e pediu um novo julgamento alegando que a perícia da arcada dentária e o exame de DNA que provavam que o corpo era do menino foram desconsiderados no julgamento.
Quase um ano depois, em março de 1999, o júri que absolveu Beatriz e Celina foi anulado pelo Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná.
O novo julgamento já havia sido marcado por duas outras vezes, em novembro de 2010 e em abril deste ano. Mas, nas duas ocasiões, foi adiado devido à troca do advogado de defesa. Beatriz alega em sua defesa que a confissão do crime foi extraída mediante tortura.
Desta vez, Celina não estará ao lado da filha. A lei brasileira estabelece que o prazo máximo de prescrição de um crime é de 20 anos e que, quando o réu faz 70 anos, o prazo conta pela metade, caso da mãe de Beatriz.
Como se passaram mais de dez anos entre os julgamentos, Celina não pode mais ser punida por este crime.
Além das Abagge, outras cinco pessoas foram julgadas por envolvimento no crime. O pai de santo Osvaldo Marcineiro, o pintor Vicente Paulo Ferreira e o artesão Davi dos Santos Soares foram julgados e condenados em 2004.
Marcineiro e Ferreira receberam cada uma pena de 20 anos e dois meses de prisão, por homicídio triplamente qualificado e sequestro.
Soares foi condenado por homicídio simples, com pena de 18 anos. Já Francisco Sérgio Cristofolini e Airton Bardelli dos Santos foram absolvidos em 2005.
Segundo a Secretaria de Estado da Justiça, Marcineiro está em liberdade condicional desde dezembro de 2006, mesmo regime cumprido por Soares desde julho de 2005.
Já Ferreira cumpre a pena em regime semiaberto na Colônia Penal Agrícola, em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba.
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