O engenheiro Shinko Nakandakari, apontado como carregador de malas de dinheiro para o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, começou a ser ouvido pela força-tarefa da Operação Lava Jato. Ele é o primeiro dos 11 operadores de propina, alvos da nona fase das investigações que apuram corrupção em contratos da estatal – batizada de My Way -, que decidiu colaborar com a Justiça. Segundo o ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco – que era braço direito de Duque na Petrobras -, Nakandakari era um dos “operadores” de propina que atuava na Diretoria de Serviços – reduto do PT na estatal. As informações são da Folha de Londrina/Agência do Estado.
“Shinko entregava pessoalmente o dinheiro em euros, reais ou dólares, sempre na quantia correspondente a aproximadamente R$ 100 mil, normalmente nos hotéis Everest, Sofitel e Ceasar Park, onde ‘tomavam um drink ou jantavam’”, descreveu Barusco
A expectativa do engenheiro é ter uma redução de pena caso ele venha a ser denunciado pelo Ministério Público e condenado pela Justiça. Conforme informações da nona fase da Lava Jato fornecidas pelo delator Barusco, Nakandakari atuou em favor das empresas Galvão Engenharia, EIT Engenharia e Contreiras “na operacionalização do pagamento de propinas decorrentes de contratos firmados com a Petrobras”.
No mesmo termo em que o acordo de delação é confirmado, as defesas dos empresários Dario de Queiroz Galvão Filho e Eduardo de Queiroz Galvão; além de Erton Medeiros Fonseca e Jean Alberto Luscher Castro; todos denunciados no caso, solicitam que “sejam previamente disponibilizados os depoimentos colhidos pelo Ministério Público Federal”.
Além de Nakandakari, os outros operadores apontados pelo ex-gerente da Petrobras são: Zwi Skornicki, Milton Pascowitch, Mario Frederico Mendonça Goes, Atan de Azevedo Barbosa, Cesar Roberto Santos de Oliveira, Guilherme Esteves de Jesus, Bernardo Schiller Freigurghaus, Luis Eduardo Campos Barbosa da Silva, João Vaccari Neto e Augusto Amorim Costa.
Somente Mario Goes está preso na PF, em Curitiba.
Shinko é sócio majoritário da LFSN Consultoria e Engenharia Ltda. e, além de Barusco, também foi apontado pela empreiteira Galvão Engenharia, como “emissário do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, encarregado da ‘contabilidade’ da propina a ser paga nos contratos da Galvão com a Petrobras”.
Em novembro do ano passado, Shinko foi acusado pela defesa do executivo Erton Medeiros Fonsca de receber da empreiteira R$ 8,3 milhões de propina entre os anos de 2010 e 2014.
Conforme petição apresentada na época, a propina teria sido paga “a partir de uma efetiva ameaça de retaliações das contratações que a Galvão Engenharia tinha com a Petrobras caso não houvesse o pagamento dos valores estipulados de maneira arbitrária, ameaçadora e ilegal”. Os defensores de Shinko negaram todas as acusações e se dispuseram a prestar esclarecimentos à investigação.
Os procuradores do MPF não confirmaram o acordo porque não se manifestam sobre o processo, que é sigiloso. O advogado de Shinko, Rogério Tafarello, também não quis falar sobre o assunto.
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