No próximo dia 30, os brasileiros vão escolher entre dois candidatos – Bolsonaro (PL) e Lula (PT) – para o governar o país nos próximos quatro anos. Em 12 estados, a votação se dará entre os candidatos a governador no segundo turno. No Paraná, o governador Ratinho Junior foi reeleito em primeiro turno com 69,64% e as disputas mais acirradas ficaram para as vagas ao Senado – Sérgio Moro (União Brasil) venceu com 33,5% – e nas proporcionais (54 deputados estaduais e 30 deputados federais).
Algumas surpresas – positivas e negativas – e estratégias, por vezes equivocadas, e um misto de campanha clássica com a digital marcaram as eleições pelos estados. “Em meio a um cenário polarizado, atendemos candidatos dos mais variados espectros políticos e o planejamento foi a nossa principal arma e estratégia”, disse Beto Trade que a comunicação das campanhas vitoriosas do deputado federal Beto Preto (PSD) e da reeleição do deputado federal Sérgio Souza (MDB).
“Para alguns, iniciamos o trabalho ainda na pré-campanha, desde o final de 2021. Para outros, participamos de forma mais pontual, mas sempre criando um diferencial na comunicação de cada candidato”, disse Doni Vieira, diretor de criação da Trade.
Exemplos – Beto Preto, secretário de saúde do Paraná, foi o campeão de votos do PSD em todo o Brasil, com 206.885 votos. “A campanha angariou votos tanto de eleitores conservadores quanto os mais à esquerda por enaltecer o papel da saúde pública, principalmente durante a pandemia. Esta foi uma campanha em que fortalecemos seu nome através das redes sociais”, disse Beto Trade.
“Já a reeleição do deputado federal Sérgio Souza, com 105.661 votos, fez dele o parlamentar do agronegócio com maior número de votos no Paraná.“Foi uma campanha muito tática, que explorou muito bem as ferramentas digitais para evidenciar o trabalho do Sérgio Souza e apoiar toda a movimentação do candidato”, disse Doni Vieira.
“Foi uma campanha mais clássica com apoio de lideranças, prefeitos, vereadores, reuniões, folheteria e muita sola de sapato”, completou Beto Trade.
Impulsionamento – Em Goiás, a campanha do senador eleito Wilder Morais (PL) – 799.022 votos – destacou o seu empreendedorismo (é um empresário), a ficha limpa, o histórico político e alinhamento com as pautas conservadoras do presidente Bolsonaro. “O maior desafio foi torná-lo conhecido em apenas dois meses. Algumas pesquisas chegaram a apontá-lo em quarto lugar e estas empresas devem repensar suas metodologias nos próximos pleitos”, disse Sandro Rodrigues, especialista em marketing político, e coordenador da campanha digital de Morais.
“Vale destacar que 2022 fica marcado como o grande ano do impulsionamento político (tráfego pago). Somando todas as candidaturas impulsionadas, foram R$170 milhões investidos pelos candidatos e partidos, apenas no primeiro turno. Obviamente, os bem-sucedidos foram os que segmentam e organizam seus públicos, tanto na fase de pré-campanha (anterior a 16 de agosto), quanto durante o período eleitoral oficial”, completa Rodrigues
Marciel Muniz, especialista em marketing político e que trabalhou em campanhas no Pernambuco, diz que é importante também destacar o movimento de mobilização digital, com foco no WhatsApp feito por todos os candidatos. “A base de dados , diariamente alimentada por equipes de coleta de ruas, geraram mais dinamismo e agilidade no fornecimento de informações para potenciais eleitores”.
Mobilização – Essa troca de informações, segundo Marciel, alcança maior intimidade e vínculo na distribuição de conteúdos. “Notei por parte de alguns candidatos, em grande maioria deputados federais e deputados estaduais certo desleixo na gestão de suas redes sociais e forma com que os mesmos compartilhavam suas agendas, atos e dia-a-dia”.
Para o professor Fabrício Moser, consultor em comunicação política e especialista em mobilização, as campanhas do Rio de Janeiro e São Paulo são exemplos de campanhas clássicas e digitais. Cláudio Castro (governador reeleito pelo PL no Rio de Janeiro com 4,930. 288 votos) se elegeu com uma campanha tradicional focada em lideranças políticas e cabos eleitorais pagos espalhados pelo estado”.
“Tarcísio Freitas (Republicanos), é o mais votado em São Paulo (9.881.995 votos) por conta das redes bolsonaristas basicamente no WhatsApp e Kwai”, completa.
Ferramentas – Diego Cunha, estrategista de marketing, que atuou em 72 campanhas de seis estados, disse que essa foi uma campanha-escola. “Aprendemos muitas coisas e evoluímos muitas outras. No geral, estabelece-se o novo padrão: a soma dos políticos que trabalham em bases eleitorais e conseguem navegar na política midiática”.
Alguma estratégia que chamou atenção?, perguntou a reportagem. “Sim, a estratégia de transferir anúncios no YouTube em uma nova plataforma de propaganda eleitoral. Muitos eleitores se informaram pelo YouTube durante a eleição”, disse.
O jornalista Jefferson Lobo, que fez consultorias para campanhas no Paraná, destaca que a campanha clássica ainda resolve a aproximação do candidato principalmente nas cidades de colégios eleitorais menores. “Quanto menor a população, mais importante ainda é ter o apoio de uma liderança que seja a voz do candidato . A conversa com o eleitor ainda é indispensável na pequena cidade”.
Relevância – “Porém, muitos candidatos que buscaram a campanha clássica, perderam a oportunidade de potencializar o voto ou ter a manutenção daquela votação alta que sempre tiveram por ignorar a importância, a relevância e a consistência que está se criando sobre o marketing eleitoral”, completa.
Para as eleições futuras, segundo Lobo, é importante que candidatos tenham mais atenção para o digital. “Nós poderemos um número de eleições municipais em que candidatos que fazem apenas o tradicional sejam surpreendidos pelos candidatos que usarem todas as ferramentas digitais possíveis”.
(foto: Beto Preto, secretário de saúde do Paraná, campeão de votos do PSD em todo o Brasil, com 206.885 votos – campanha da Trade)
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