O combate à corrupção é um dos objetivos da igreja católica, afirmou o arcebispo de São Paulo, Odilo Scherer, na abertura da campanha da fraternidade deste ano. “A corrupção é um grande mal político e social que contraria a fraternidade”, disse Scherer. Promovida desde 1964 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, durante a quaresma, a campanha convida os católicos a refletir sobre um problema do País e a adotar ações concretas para resolvê-lo.
O arcebispo acrescentou que, além de ser uma decisão pessoal do corrupto, a corrupção é um mecanismo que facilita a roubalheira e o desvio de recursos destinados a objetivos comunitários. O combate a esse mal deve ser incluído na reforma política, segundo Scherer. O processo de redemocratização, iniciado na década de 1980, observa o texto-base da campanha “sofre sistematicamente com a corrupção”.
Integrante da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, a Igreja Católica apoia a proibição de financiamento de candidatos por empresas e a implantação do financiamento público e de pessoas físicas; a adoção do sistema eleitoral chamado ‘voto transparente’, proporcional, em dois turnos; a promoção da alternância de homens e mulheres nas listas de candidatos dos partidos (as mulheres somam 51% do eleitorado, mas é de apenas 9% a representação feminina na política) e, finalmente, o fortalecimento da democracia participativa, com plebiscito, referendo e projeto de lei de iniciativa popular.
Indígenas
“A Igreja não está fora do mundo nem é contra o mundo, mas está inserida no mundo”, advertiu o cardeal-arcebispo de São Paulo, ao defender o empenho efetivo dos católicos na campanha pela reforma política. Esse empenho, disse Scherer, poderá incluir busca de adesão a um abaixo-assinado para pressionar o Congresso Nacional, como ocorreu no caso da Ficha Limpa, quando a Igreja conseguiu mais de 1 milhão de assinaturas.
O texto da Campanha da Fraternidade 2015 lembra outros problemas que a sociedade brasileira enfrenta, a começar pela violência. “A melhoria das condições de vida dos brasileiros ainda não se traduziu em melhorias nas condições estruturais de vida da população, sobretudo dos necessitados”, adverte a CNBB no texto, citando os desafios a serem enfrentados a luta pela reforma agrária, pelas condições de trabalho no campo, por um salário justo , por um emprego docente e pelo acesso à moradia.
“No caso dos indígenas, é urgente a demarcação dos territórios, com a mediação nos locais onde existem agricultores que possuem títulos”, afirma o texto-base, que defende também a demarcação dos territórios para as comunidades quilombolas e o estabelecimento de políticas públicas de inclusão social de milhares de excluídos. A consequência da falta de uma ação mais incisiva nessas situações é a violência, adverte o texto-base da Campanha da Fraternidade.
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