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Câmara instala CP contra prefeito de Foz

Câmara instala CP contra prefeito de Foz

Comissão vai apurar suposta denúncia de assédio moral contra o chefe do Executivo local, Paulo Mac Donald

Curitiba – A Câmara de Vereadores de Foz do Iguaçu instalou ontem uma Comissão Processante (CP) que irá investigar um suposto ato de assédio moral cometido pelo prefeito Paulo Mac Donald (PDT) contra o servidor público municipal José Borges Bonfim Filho. O assédio teria ocorrido em 2006, mas veio à tona com a apresentação de uma gravação da conversa entre o prefeito e o servidor, na semana passada, pelo vereador Djalma Pastorello (PSDB).

De acordo com Pastorello, a gravação foi feita de forma oculta e mostra o prefeito questionando agressivamente o funcionário sobre a elaboração de um relatório financeiro, além de obrigá-lo a jurar sobre a Bíblia de que não teria sido o autor do documento. O vereador disse ter recebido as gravações de um desconhecido, endereçadas a ele por ser da oposição.

O prefeito nega ter assediado o funcionário e diz que as filmagens foram roubadas da prefeitura e divulgadas com o objetivo de prejudicá-lo no ano eleitoral. Segundo ele, durante uma auditoria interna que apurava uso dos computadores da prefeitura para acesso a sites pornográficos, foi descoberto um relatório com dados incorretos sobre as finanças da prefeitura.

Mac Donald alega ter chamado o funcionário para perguntar sobre a elaboração do relatório e que a gravação era atitude comum da Secretária de Comunicação Social. Após essa conversa, ele afirma ter transferido Borges e aberto uma sindicância, mas rejeita que o funcionário tenha sofrido perseguição desde então. ”É um golpe político, feito três meses antes da eleição. Essa fita foi roubada da prefeitura. Eu não assediei ninguém”, afirmou.

De acordo com o advogado do servidor, Álvaro Albuquerque Neto, Borges nega que tenha acessado sites com conteúdo pornográfico e que tenha elaborado o relatório financeiro com dados incorretos. O advogado afirma que, desde 2006, ele vem sofrendo ameaças, por meio de ligações telefônicas. Além disto, ele estaria tendo sua ascensão funcional barrada. ”Ele perdeu a função gratificada que exercia e foi transferido para ‘fazer nada’ na Secretária de Ação Social”, afirma.

O advogado diz ainda que pretende ajuizar uma ação por assédio moral, uma vez que seu cliente estaria sendo acusado de pedofilia em veículos de comunicação. ”Ele é um senhor evangélico e isto está acabando com a sua vida”, afirma.

A formação da Comissão recebeu oito votos favoráveis contra cinco. Farão parte da CP os vereadores Hermógenes de Oliveira (PMDB), Neuso Rafagnin (PTB) e Professor Sérgio Paulo de Oliveira (PMDB), escolhidos por sorteio. A Comissão terá 90 dias para emitir um relatório que poderá pedir a cassação do prefeito ou o arquivamento do processo, após ter seu parecer aprovado pelo Plenário por, pelo menos, dez vereadores.

Karla Losse Mendes
Equipe da Folha