Edilene Santos
Diário de Campos
A Câmara de Vereadores de Ponta Grossa quer que a Polícia Federal passe a investigar o caso da vereadora Ana Maria de Holleben (PT), acusada pela Polícia Civil de ter praticado autossequestro junto com outras quatro pessoas. Na quinta-feira, o presidente do Legislativo, Aliel Machado (PCdoB), enviou ofício ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O documento, assinado também pelos vereadores Pietro Arnaud (PTB) e Paulo Cenoura (PSC), se baseia na hipótese de que o fato teve motivação política. A Constituição Federal prevê que é de competência da PF a apuração de infrações penais contra a ordem política e social e também outras infrações com repercussão interestadual ou internacional.
De acordo com os vereadores, Ana Maria fazia parte, publicamente, de um grupo de parlamentares que disputava as eleições internas para eleição da Mesa Executiva. “O triste episódio, em seus bastidores, foi repleto de ameaças e pressões políticas (já informadas à polícia) realizadas por pessoas que faziam parte de outros grupos políticos que possuíam interesse em vencer as eleições da Mesa Executiva. Há, inclusive, depoimento de um dos acusados, afirmando que um dos candidatos a presidente da Mesa Executiva teria organizado e elaborado o plano do ‘autossequestro’”, cita o ofício enviado ao ministro.
Os vereadores ressaltam que a Polícia Civil não teria investigado o caso com transparência. Ana Maria foi presa em flagrante por falsa comunicação de crime, fraude processual e formação de quadrilha. Ela e os demais suspeitos chegaram a ser presos, mas, agora, todos respondem em liberdade. “Ressalte-se que a polícia estadual enquadrou a vereadora nos crimes citados, mesmo antes de tê-la ouvido”, argumentam os parlamentares. Todavia, a Polícia Civil tentou tomar o depoimento de Ana Maria, mas ela alega problemas de saúde e, por isso, até hoje, não se manifestou oficialmente.
O vice-presidente do PT em Ponta Grossa, Edmilson Pereira Dias, disse que o partido, por meio da Executiva Estadual, já vinha estudando entrar com pedido pela intervenção da PF no caso.
O delegado-chefe da PF da cidade, Jonathan Trevisan Junior, informou que não está descartada a possibilidade de a corporação investigar o caso. Segundo ele, pessoas ligadas ao PT já o procuram porque entendem que se trata de um crime de cárcere privado por motivação política e a Polícia Civil teria dado outro enfoque. “Para iniciarmos uma investigação, precisamos da ordem da Superintendência da PF ou do ministro da Justiça. Até agora, não recebemos nada”, informou.
Reconstituição confirma interrogatório, diz delegado
O delegado Josimar Antônio da Silva disse ontem que a reconstituição do suposto trajeto percorrido por Ana Maria de Holleben e o motorista Reginaldo da Silva Nascimento, entre os dias 1º e 2 de janeiro, não difere do que ele falou em depoimento à polícia. “Só confirmou os fatos que ele havia narrado. Mostrou o local onde passou a noite com a vereadora, em Imbaú, depois apontou onde dispensou os celulares, que numa ponte entre Imbaú e Tibagi, e o local em que teria deixado a vereadora, em uma estrada de terra, na zona rural de Piraí do Sul”, comentou. “Em nenhum momento percebemos divergências do depoimento”.
Josimar aguarda o resultado dos exames feitos pelo Instituto de Criminalística no carro do assessor Idalécio Valverde da Silva, que estava com a vereadora no momento em que ela teria sido ‘abordada’ por Reginaldo. “Pretendemos relatar esse inquérito o mais breve possível”, disse o delegado, lembrando que o inquérito dos assessores está separado do de Ana Maria, que está sendo relatado pelo delegado-chefe da 13ª SDP, Danilo Cesto. (E.S.)
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