Em depoimento de apenas 20 minutos ao juíz Sérgio Moro nesta segunda-feira, 13, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo disse que “infelizmente” a caixa 2 no Brasil é “histórico, cultural, mas nem sempre agasalha a prática de corrupção”. Matéria do O Globo falou a Moro por videoconferência de São Paulo. Ele, que defendeu a ex-presidente Dilma Rousseff no impeachment, foi arrolado como testemunha de defesa do ex-ministro Antonio Palocci, réu na Lava-Jato.
Moro ouviu testemunhas ligadas à ação na qual Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma) é acusado de atuar para favorecer os interesses da Odebrecht junto ao governo federal na contratação de sondas de exploração do pré-sal com a Petrobras.
— Eu disse (a Moro) que infelizmente o Caixa 2 no Brasil é histórico, cultural, mas nem sempre agasalha a prática da corrupção. Às vezes se doa o dinheiro sem que você efetivamente saiba a origem. Há situações distintas: a corrupção tem uma origem, Caixa 2 tem outra — relatou Cardozo, que parou para falar com jornalistas após o depoimento.
Ele disse que não poderia dar detalhes de suas respostas, mas que foi questionado sobre a prática de Caixa 2 durante campanha do PT. Enquanto conversava com repórteres, uma pessoa passou de carro gritando “ladrão”.
—Infelizmente o Caixa 2 no Brasil é uma realidade da política brasileira, fruto de um sistema político anacrônico, que teria já que ter sido substituído. E digo que a corrupção e a caixa 2 elas infelizmente tem estruturais sistêmicas no Brasil , embora nem sempre a caixa 2 seja utilizada como forma de agasalhar recursos de corrupção. São situações que devem ser analisadas com muito cuidado — relatou.
Segundo Cardozo, “tudo é ilegal”, mas é importante “precisar qual a ilegalidade que se coloca”.
— Caixa 2 é ilegal? É. É recriminável? É. É eticamente reprovável? É. Mas não se confunde necessariamente com corrupção ou lavagem de dinheiro. Pode se confundir? Pode. É frequente até que isso ocorra? Sim. Pelo menos isso é que se sabe ao longo da História brasileira. Agora que são coisas diferentes são.
O ex-ministro frisou ainda que não participou da coordenação da campanha de 2014, mas que havia orientação “muito clara” da presidente Dilma Rousseff de não receber contribuições que apresentassem alguma irregularidade.
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