Por Fábio Campana, do Estadinho
Mesmo derrotado, Osmar Dias tenta inaugurar um novo ciclo na política paranaense. Anuncia-se como líder das oposições e desde já é candidato a governador em 2010.
Nada de recuos para lamber as feridas, nada de recesso político. Osmar não quer dar um dia de folga ao governo. E não vai deixar para ninguém o capital eleitoral acumulado neste ano. “O homem está com a macaca”, diz um de seus assessores.
Escaldado pelas traições na campanha, Osmar decidiu fazer uma limpa nas oposições. Não quer ambigüidades. Prefeito que apoiou Requião está fora. Deputado que prefere a sombra do Palácio Iguaçu pode mudar de partido. A regra é essa: cada macaco no seu galho.
O impulso inquisitorial levou Osmar Dias a territórios que não são os seus. Propôs que o vice de Beto Richa, Luciano Ducci, seja defenestrado na chapa da reeleição em 2008.
“Vamos manter o respeito pregado na campanha”, recomendou o prefeito. Afinal, Osmar Dias não é do PSDB e também não é eleitor em Curitiba, portanto não está em condições de escalar o time do prefeito, muito menos escalar o prefeito segundo as conveniências de seu calendário eleitoral.
A atitude de Osmar atropela aliados recentes que logo serão adversários. É bom lembrar que Requião não estará no mesmo páreo em 2010. Quem surgirá na liça será Beto Richa, principal animador da campanha de Osmar no segundo turno.
Ou seja, vem aí o confronto entre Osmar e Beto Richa. Não é por outra razão que Osmar quer escalar um vice de sua guarda na reeleição de Richa em 2008. Uma forma de segurar o adversário, que teria de entregar a prefeitura ao inimigo se sair candidato a governador.
Beto Richa não é ingênuo para entrar nessa, garantem os seus luas-pretas. Trata de restaurar alianças, a mais importante com Hermas Brandão, também interessado no PSDB paranaense escoimado dos irmãos Dias. O próximo embate será pelo comando do PSDB. Richa, Brandão e a ala vitoriosa dos tucanos no Paraná não pretendem deixar o espólio tucano para os Dias.