Bresser-Pereira: BC deve estar subordinado a eleitos pelo povo
O ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira criticou a independência do Banco Central (BC), durante audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Dívida Pública. Ele destacou que o BC elabora políticas fundamentais para o país — como de juros e de câmbio —, diretamente relacionadas à vida das pessoas, tarefa que, avalia, deve ser entregue aos representantes eleitos pelo povo.
"A ideia de que, em vez disso, eu atribua essa responsabilidade a técnicos iluminados, absolutamente independentes, é uma loucura. A tese da independência do BC é de que os políticos são todos populistas e sem-vergonhas e que os técnicos são todos maravilhosos e incorruptíveis. Não é verdade isso."
O ex-ministro Bresser Pereira também condenou, na audiência, a alta taxa de juros praticada no País. Ele atribui esse comportamento aos fortes interesses dominantes dos rentistas e dos especuladores. Segundo Bresser, esse cenário não é bom, porque desestimula os investimentos e aumenta a dívida pública todos os anos. "O Brasil gasta uma fortuna em juros, muito mais do que gasta em educação e saúde, o que é uma coisa quase que patética."
A supervalorização do real também foi alvo de críticas. O ex-ministro da Fazenda defendeu uma administração forte do câmbio e classificou o atual modelo de “populismo cambial”. Bresser explicou que, quando a taxa cambial é alta, a exemplo do que acontece hoje, os salários reais aumentam, as pessoas têm mais chance de comprar mercadorias importadas dentro do País e de fazer viagens ao exterior, porque tudo fica mais barato. "É uma alegria. Só que representa déficit em conta corrente, diminuição em investimentos, menor crescimento do país e crise”, ressaltou.
A prorrogação dos trabalhos da CPI da Dívida Pública foi aprovada em plenário nesta quarta-feira. Conforme explicou o relator, deputado Pedro Novais (PMDB-MA), a comissão vai funcionar nos meses de fevereiro e março para ouvir convidados já agendados e para a elaboração, discussão e votação do relatório final. Pedro Novais disse que vai analisar as informações sobre o modo como ocorreu o endividamento brasileiro nos últimos anos e propor medidas para melhorar o controle da dívida daqui para a frente. (Via Agência Câmara)
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