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Brasil após delações – Opinião Folha de Londrina

delaçãoSe no Brasil ética e política realmente caminhassem juntas, a “delação do fim do mundo” já teria tido o impacto de uma bomba atômica. Óbvio, que em um país com uma democracia realmente madura e uma sociedade consciente de seus direitos e deveres, não seria nem preciso uma operação gigantesca de combate à corrupção, como a Lava Jato. A delação da Odebrecht, que inclui os depoimentos dos executivos da maior construtora do País, conseguiu esvaziar o Congresso Nacional na última quarta-feira (12), um dia depois do ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, determinar a abertura de inquérito contra 24 senadores e 42 deputados federais, além de oito ministros do governo Michel Temer. Pouca gente em Brasília se mostrou disposta a repercutir a notícia.

Na Câmara, a sessão agendada para 9 horas foi substituída por um evento solene no plenário. No Senado, a reunião marcada para as 10h30 simplesmente não aconteceu. A forte declaração do empreiteiro Marcelo Odebrecht na delação premiada causou um constrangimento sem igual não só para a classe política, mas para qualquer brasileiro que deseja ver o País realmente mudar. O presidente afastado da construtora disse que todos os políticos trabalham com caixa dois nas campanhas eleitorais. “Todo mundo sabia que tinha caixa dois”, afirmou em depoimento à força-tarefa do Ministério Público Federal. “Eu não conheço nenhum político no Brasil que tenha conseguido fazer qualquer eleição sem caixa dois”, garantiu Marcelo Odebrecht.

“O cara pode até dizer que não sabia, mas recebeu dinheiro do partido que era caixa dois”, complementou. É claro que não se pode generalizar. Há gente séria na política. Mas a delação do empreiteiro mais poderoso do País, que está preso em Curitiba, mostra a necessidade urgente de se fazer uma reforma política. Outras reformas, como a da previdência e a trabalhista também são importantes para fazer o País andar. Porém, poucas mudanças serão conquistadas se nada for feito para combater de maneira mais eficiente o financiamento ilícito das campanhas políticas.