Eliane Cantanhêde/Folha de São Paulo
O PSD do prefeito Gilberto Kassab passa, desde ontem, a ter direitos e prerrogativas e a pesar no tabuleiro partidário e eleitoral. O Supremo decidiu que os deputados federais de novos partidos valem para a contagem do tempo de TV e para o rateio do Fundo Partidário.
Evita, assim, um estouro da boiada no PSD antes da eleição municipal e abre uma promissora janela para a formação de novas siglas -em tese, até para um novo quadro partidário.O PSD é a quarta maior bancada da Câmara, com 48 deputados. Em vez de 54 segundos, passa a ter (ou a ceder aos candidatos aliados) dois minutos e dois segundos no rádio e na TV.
E, em vez de R$ 43 mil, terá R$ 1,6 milhão mensais do Fundo Partidário. Tudo à custa das sete legendas que perderam quadros para ele, principalmente o DEM.
Em São Paulo, não há mudança objetiva para José Serra (PSDB), pois ele ganha do PSD, basicamente, o tempo de TV que perde do DEM. Mas há efeitos políticos: Kassab e o PSD têm agora armas para guerrear contra a chapa puro-sangue (tucano-tucano) e disputar a vice.
A aliança Serra-Kassab parece uma soma de rejeições, mas é também de interesses. Nos 45 dias de TV, o PT será algoz de Kassab, e Serra, o seu grande advogado. Kassab espera sair da eleição com mais popularidade do que entrou, dê no que dê. A ver.
Mas os efeitos mais diretos do PSD continuam sendo sobre o minguado DEM, e quem mais perde são os candidatos Rodrigo Maia e ACM Neto.
O PSD apoia o PMDB de Sérgio Cabral e Eduardo Paes, no Rio, e o PT de Jaques Wagner e Nelson Pellegrino, em Salvador.
Qual o critério? A ideologia do poder: o bebê PSD vem ao mundo de olho vivo, só se alia com quem tem mais chances de ganhar.
Aliás, Jorge Bornhausen se encontrou ontem com Eduardo Paes, e a senadora Kátia Abreu (TO) desceu a rampa no Planalto de braços dados com Dilma. Bornhausen é mentor e Kátia é a cara do PSD.
Deixe um comentário