por Anselmo Massad, na Rede Brasil Atual
Um bebê de cinco dias morreu no Bahrein, vítima de bombas de gás lacrimogêneo atiradas contra manifestantes no país no início da semana.
O equipamento de repressão policial é fabricado no Brasil pela Condor Tecnologias Não Letais, que tem sede em Foz do Iguaçu (PR), a 640 quilômetros de Curitiba.
Procurada, a empresa diz ser impedida por contrato de informar o destino exato dos equipamentos vendidos a 35 países, incluindo árabes.
A pequena nação no Golfo Pérsico convive, desde fevereiro deste ano, com protestos por abertura política.
De regime monárquico – com o tio do rei no cargo de primeiro-ministro – a ilha de 70 quilômetros de extensão fica próxima à Arábia Saudita e mantém uma base militar norte-americana (a 5ª Frota Naval dos Estados Unidos) instalada no sul do território.
No início dos protestos, tropas sauditas atuaram na repressão aos manifestantes, chegando até a derrubar a Torre da Pérola, monumento histórico do país. A Rotatória da Pérola era o principal ponto de concentração dos atos contra o governo.
Desde então, as marchas tornaram-se mais difusas e com menores concentrações de pessoas. A repressão deixou de contar com apoio operacional de soldados sauditas, mas foi mantido pela polícia local. Na ação para conter um protesto no domingo (11), em Diraz, a oeste da capital Manama, inúmeras bombas de gás lacrimogêneo foram atiradas.
Pelo menos um dos explosivos foi detonado nas proximidades da casa onde estava Sajeda Faisal Jawad, que morreu asfixiada. A informação é da sociedade islâmica Al Wefaq.
O protesto foi organizado em função da visita do secretário-assistente de Estado norte-americano, Michael Posner, que acumula a chefia do escritório para Democracia, Direitos Humanos e Trabalho da Casa Branca. Os Estados Unidos apoiam o regime do rei de Bahrein e pediram que os manifestantes evitassem a violência.
Nos dias seguintes, manifestantes coletaram os resíduos das bombas e constataram que se trata de equipamento fabricado no Brasil. Com o intuito de constranger autoridades e organizações civis do país a se pronunciar, chegaram a embalar uma das latas com uma camisa da seleção brasileira de futebol.
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