Em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada nesta segunda-feira (2), o presidente Jair Bolsonaro disparou novos ataques contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e acusou o presidente da corte, ministro Luís Roberto Barroso, de querer eleições “sujas” e de ajudar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a “sair da cadeia”, segundo a Folha de São Paulo.
“Quem quer eleição suja e não democrática é o ministro Barroso. Esse cara se intitula como [quem] não pode ser criticado […]. O Barroso ajuda a botar o cara [Lula] para fora da cadeia, torna elegível. E o ministro vai contar os votos dele lá? Qual a consequência disso?”, indagou o presidente.
A afirmação de Bolsonaro sobre Barroso, segundo a mídia, não tem indícios para comprovar a acusação.
Além dessas declarações, o presidente ainda disse que o ministro “está abusando não é de hoje” e o acusou de defender o aborto e a liberação de drogas. “Ele [Barroso] defende um montão de coisas que não presta.”
Bolsonaro também atacou Lula durante a conversa. Ele chamou o ex-presidente de “corrupto”, “cachaceiro”, “picareta” e “incompetente”, de acordo com a mídia.
As recorrentes falas do mandatário contra o sistema eleitoral têm elevado a crise entre o Planalto e os demais Poderes, principalmente com o Judiciário, segundo a Folha.
Ainda na mesma conversa, o presidente, mais uma vez, repetiu a alegação de que a contagem dos votos seria feita numa “sala secreta” no TSE.
Essa outra afirmação já foi desmentida anteriormente pelo tribunal, que explicou que a apuração dos resultados é feita automaticamente pela urna após o encerramento da votação. Em seguida, são impressas cinco vias do Boletim de Urna, que traz os votos recebidos por cada candidato naquele terminal. As vias adicionais do boletim são disponibilizadas aos fiscais dos partidos.
Ontem (1º), apoiadores do chefe do Executivo, em diversas capitais do país, foram às ruas defender o mandatário e exigir a volta do voto impresso. Em Brasília, o ato contou com a participação do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, que afirmou que pauta do voto impresso é “fundamental”, conforme noticiado.
TSE responde com nota oficial
Após as manifestações de ontem (1º), o ministro Barroso, o vice-presidente do tribunal, Edson Fachin e todos os ex-presidentes do TSE desde 1988 assinaram uma nota pública nesta segunda-feira (2) resguardando o atual modelo eleitoral brasileiro.
“Eleições livres, seguras e limpas são da essência da democracia. No Brasil, o Congresso Nacional, por meio de legislação própria, e o Tribunal Superior Eleitoral, como organizador das eleições, conseguiram eliminar um passado de fraudes eleitorais que marcaram a história do Brasil, no Império e na República”, diz a nota citada pelo G1.
O texto também diz que o “voto impresso não é um mecanismo adequado de auditoria a se somar aos já existentes por ser menos seguro do que o voto eletrônico, em razão dos riscos decorrentes da manipulação humana e da quebra de sigilo”.
“Muitos países que optaram por não adotar o voto puramente eletrônico tiveram experiências históricas diferentes das nossas, sem os problemas de fraude ocorridos no Brasil com o voto em papel. Em muitos outros, a existência de voto em papel não impediu as constantes alegações de fraude, como revelam episódios recentes.”
Os atuais e antigos presidentes também afirmam na nota que “as urnas eletrônicas não entram em rede e não são passíveis de acesso remoto, por não estarem conectadas à Internet”, e sendo assim, a chance de fraude se torna impraticável.
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