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Bibinho é preso no aeroporto de Brasília ao receber uma mala com R$ 70 mil

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Vida Pública, Gazeta do Povo

No momento em que recebia uma mala com R$ 70 mil no aeroporto de Brasília, foi preso na manhã de ontem Abib Miguel, ex-diretor-geral da Assembleia Legislativa do Paraná. Conhecido como Bibinho, ele é acusado pelo Ministério Público do Paraná (MP) de ser o mentor de um esquema de desvio de recursos públicos da Casa e estava com contas bancárias e bens bloqueados desde 2010. No entanto, teria montado uma rede de lavagem de dinheiro que permitia que continuasse movimentando dinheiro por meio de empresas e contas em nome de outras pessoas. A prisão de ontem faz parte da Operação Argonauta, desencadeada justamente para encerrar com a suposta lavagem. A operação foi comandada pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do MP.

A 4.ª Vara Criminal de Curitiba autorizou a prisão temporária, por cinco dias, de mais quatro suspeitos: dois filhos de Bibinho – Eduardo Miguel Abib e Luciana de Lara Abib –e os irmãos Edivan e Sandro Bataglin. Luciana é apontada pelo MP como principal testa de ferro do pai. Já os irmãos Bataglin eram sócios de Abib e administravam a fazenda dele em Goiás.

A Justiça ainda determinou o cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão em Curitiba e Irati, no interior do Paraná, Macapá (AP), Caxias do Sul (RS), São João D´Aliança (GO) e Brasília (DF). Aconteceram ainda três conduções coercitivas– quando a pessoa é levada forçosamente para prestar depoimento –de três pessoas: a filha de Bibinho Isabel Stein Miguel, Djalma Vieira de Souza e Benedito Henrique Reginato.

Os promotores do Gaeco descobriram que Bibinho encontrou uma maneira de movimentar dinheiro, mesmo estando com contas e bens bloqueados. Três meses de grampos telefônicos, autorizados pela Justiça, revelaram as negociações. Sem poder fazer transações bancárias, Bibinho estaria movimentando “dinheiro vivo”. A investigação filmou ao menos outros dois momentos em que Bibinho recebia malas de dinheiro. “Identificamos que ele, durante um período recente, costumava fazer essas operações no aeroporto de Brasília. Ele vinha, pegava o dinheiro e voltava no mesmo dia”, disse, em entrevista por telefone, o coordenador do Gaeco de Curitiba, promotor Denilson Soares de Almeida, que estava no interior de Goiás. O MP suspeita que esses recursos eram entregues mensalmente no aeroporto para uso pessoal de Bibinho.

O Gaeco identificou cinco empresas (veja o infográfico) supostamente usadas para lavar dinheiro. Uma delas está localizada no Amapá. Por isso, a Justiça já decretou bloqueio dessas empresas, outras propriedades, contas bancárias e a produção das áreas agrícolas. Entre as propriedades bloqueadas está a fazenda da família de Bibinho em São João D’Aliança, no interior de Goiás.

A investigação mapeou, em órgãos como a Receita Federal e Estadual, bens e empresas que estavam em nomes de pessoas próximas ao ex-diretor. Cartórios e juntas comerciais, além de movimentações bancárias, também teriam mostrado ramificações do esquema. Por exemplo: Bibinho já havia feito um aporte de capital de R$ 2,9 milhões e de R$ 4,4 milhões em favor de duas empresas em nome dos filhos.

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