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Beto Richa admite ajuda a ‘sistemas organizados’ de transporte coletivo

José Lazaro Jr
Folha de Londrina

A capital ganhará R$ 23,8 milhões do governo Beto Richa (PSDB) para ”congelar” o preço da tarifa dos ônibus, mas outras cidades que desejem o mesmo privilégio terão que esperar até maio. É quando deve ser concluído estudo das pastas de Fazenda e Planejamento, onde são analisadas medidas como a desoneração do diesel usado nas frotas do transporte coletivo. Diante da pressão dos prefeitos eleitos, Beto admitiu a possibilidade de estender o aporte de recursos estaduais a outras cidades, desde que elas possuam ”sistemas organizados de transporte coletivo”.

O tema ganhou espaço na imprensa neste começo de ano após o prefeito eleito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), insinuar que o subsídio dado a seu antecessor no cargo, Luciano Ducci (PSB), aliado político de Beto, seria cortado na sua gestão. A passagem de ônibus em Curitiba foi artificialmente mantida em R$ 2,60 nos últimos meses, graças a aportes do Estado no fundo que administra o sistema integrado de transportes. Somente em 2012, R$ 33,6 milhões foram repassados para a capital e outros R$ 6,5 milhões serão pagos até semana que vem. Dentro das empresas de ônibus, diz-se que a tarifa adequada hoje já seria de R$ 3,10.

Prontamente o governador Beto Richa anunciou que manteria a ajuda de custo, diminuindo o impacto político dos comentários do prefeito de Curitiba na sua principal base eleitoral, que é a capital do Estado. ”Eu não subi a passagem de ônibus. Eu reduzi uma tarifa que era das mais caras do país, sem a ajuda de ninguém”, chegou a atacar o tucano, por meio da agência oficial de notícias, contrariado com a situação.

Em 2004, o então prefeito da capital, Cássio Taniguchi (DEM), elevou o preço da tarifa de R$ 1,65 para R$ 1,90 e viajou para o exterior. Na época, Beto era vice-prefeito e, quando assumiu o cargo dias depois do aumento, cancelou o reajuste. A medida lhe garantiu dividendos políticos, colhidos no mesmo ano, quando foi eleito prefeito da capital. Cássio reclamou de Beto na época, mas hoje integra o seu secretariado, na pasta do Planejamento, uma das responsáveis por analisar o subsídio às demais cidades do Paraná.

”Por mais que o Estado isente de ICMS o diesel, o valor não é significativo. O maior gasto que interfere no preço da tarifa do transporte público é a despesa com pessoal. Cabe ao governo federal fazer a sua parte e desonerar a folha de pagamento”, reclama Rui Hara, responsável pela Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), ligada à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano.

Em entrevista para a FOLHA, Hara repetiu que é ”muito cedo para falar de quais serão as medidas adotadas”, mas defendeu o modelo de gestão adotado na capital, em que a cidade está integrada com as demais da região e uma tarifa única é cobrada. ”É um equipamento social, que contribui para a região ter uma das menores taxas de desemprego do país, pois o trabalhor tem condições de se deslocar”, defendeu Hara. A Rede Integrada de Transporte liga 14 municípios, por onde transitam 25 milhões de usuários por mês.