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Autoritário, Bolsonaro perde apoio no Paraná

Edna Nunes, n’O Paraná

O estilo autoritário do deputado federal e pré-candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro está provocando uma debandada de filiados do PSL por onde ele passa. Ontem, Bolsonaro esteve no Show Rural Coopavel, mas sem contar com o apoio dos maiores representantes do partido no Estado: o deputado federal Alfredo Kaefer e o estadual Adelino Ribeiro.

Isso porque os dois parlamentares não irão apoiar a candidatura de Bolsonaro e já estão com os dois pés fora do partido. Tudo por conta do “tratoraço” liderado por Bolsonaro que, mesmo sem estar oficialmente filiado ao PSL, já comanda a sigla e está colocando nos diretórios estaduais pessoas com o mesmo estilo autoritário do parlamentar. No Paraná, o partido foi tirado de Adelino e foi parar nas mãos do deputado federal Fernando Francischini.

Kaefer diz que desde a semana em que foi anunciada a ida de Bolsonaro para o PSL o parlamentar não o procurou, mesmo estando os dois na Câmara dos Deputados. “A justificativa de não ter deputados do PSL acompanhando o Bolsonaro em Cascavel é de que eles [os parlamentares] estão fora do partido e não vão acompanhar o Bolsonaro após esse ‘tratoraço’ em cima dos deputados”, declara.

Esta não é a primeira vez que Bolsonaro esfacela um partido político. Com seu autoritarismo, Bolsonaro tentou entrar no Patriota, o antigo PEN, mas de cara exigiu comandar 23 dos 27 diretórios estaduais. Integrantes da sigla reagiram e o parlamentar acabou desistindo de ingressar no partido, quando partiu para o PSL, onde também já criou problemas.

De saída
O deputado Adelino Ribeiro, que oficialmente ainda preside o partido no Paraná, diz que assim que Jair Bolsonaro assinar a ficha no PSL estará fora. “Tenho que respeitar o presidente nacional do partido que achou por bem comprar o projeto dele, então paciência. Se der certo, parabéns pra eles”.

Na última segunda-feira (5), Adelino esteve na convenção nacional do partido, quando foi comunicado de que o presidente do PSL no Paraná será Fernando Francischini. “Achei por bem não participar dessa iniciativa. O Francischini até me convidou para ser vice, mas não aceitei. A gente lutou dez anos para construir o partido”, lamentou.

O deputado federal Alfredo Kaefer também critica a situação: “É um desrespeito a um trabalho feito por vários anos, com a constituição de executivas em vários municípios, 85 vereadores eleitos e vários suplentes, três deputados em Cascavel, tudo isso simplesmente jogado fora”.

Discurso demagógico
Ele fala o que a p1ateia quer ouvir. No Show Rural, Jair Bolsonaro falou com a imprensa em um discurso arranjado para quem o ouvia: produtores rurais. Tanto que focou sua fala em cima de assuntos que doem no setor agropecuário, como invasões de terra e demarcações indígenas, mas não ousou fazer propostas, apenas críticas cheias de adjetivos.

Classificou o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) como uma organização criminosa e terrorista. “O direito a propriedade é sagrado e incontestável. Qualquer um que invadir uma propriedade deve ser recebido como merece”, disse.

E acrescentou: “Tenho acompanhado o sofrimento que o setor produtivo passa com a demarcação de terras indígenas. As leis precisam oferecer segurança para quem produz. O produtor não pode ser tratado como criminoso e com o descaso que estamos assistindo nessa pátria”.

Sobre a segurança pública, Bolsonaro defendeu abertamente o armamento da população: “Temos que ter a garantia de que, se o dono de uma propriedade ou de uma residência atirar em um invasor mal intencionado e esse resolver morrer, que esse cidadão de bem possa responder o processo em liberdade. Quem mata bandido tem que ser condecorado e não condenado”, alardeou.

Lula na cadeia
Sobre a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção, Bolsonaro afirmou que tem convicção de que não o enfrentará nas urnas: “O Brasil sabe que o Lula merece cadeia e não voto”.

Foto: Ailton Santos