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Auditor fiscal acaba com Operação Publicano

O auditor fiscal Orlando Aranda, réu na Operação Publicano, coloca uma pá de cal na operação comandando pelo Gaeco a colocar sob forte suspeição a isenção de promotores do Ministério Público de Londrina. Em vídeo compartilhado nas redes sociais, Aranda depõe ao juiz Juliano Nanuncio e diz que uma empresa com capital de R$ 10 mil, de propriedade do promotor Renato de Lima Castro é sócia de uma outra empresa cujo patrimônio é superior a R$ 1 milhão. 

Aranda foi mais longe ainda: sustenta que o contador da empresa, Paulo Caetano, é citado pelo ex-auditor fiscal Luiz Antonio de Souza, principal delator da Lava Jato. Em tempo: a delação de Luiz Antonio de Souza já havia sido anulada pela Justiça e, posteriormente, foi refeita pelo Ministério Público, resguardando os direitos ‘conquistados’ pelo ex-auditor e suspensa na Justiça na anulação da primeira delação. A justiça homologou essa delação em março deste ano e Luiz Antonio de Souza teve sua prisão preventiva suspensa e está usando tornozeleira eletrônica.

Ainda no vídeo, quando Aranda revela as ligações escusas entre o contador e promotor do Gaeco, ele foi interpelado pela promotora Leila Schimit e pelo Jorge Fernando Barreto. “Esta situação está sob sigilo fiscal”, cobra a promotora. “São documentos públicos”, devolve Aranda. “Onde o senhor obteve isso?”, perguntou o promotor Fernando Barreto. “No site da Receita Estadual”, diz Aranda. “Então, está bom”, resigna-se o promotor.

Delator volta atrás – O vídeo que circula nas reúne também dois depoimentos de Souza ao Ministério Público em 2015, onde ele fala sobre pessoas que participam dos esquemas de corrupção na Receita Estadual e cita o contador Paulo Caetano. “Fiz dois esquemas com ele”.

Segundo o vídeo, no dia seguinte, Souza não confirma mais a participação do contador. “Por que ele (contador) não aparece em lugar nenhum? Descobri que ele é o contador da empresa JVL Administradora de Imóveis (cujo proprietário é promotor Renato Lima Castro)”.

Na Folha de Londrina desta sexta-feira, 12, o advogado de Aranda, Walter Bittar, confirmou as declarações do cliente. “Em um dia o delator disse que esse contador estaria envolvido nos fatos, e no outro, perguntado pelos promotores, ele gagueja, nega os fatos, e essa pessoa não é incluída dentro da Publicano, fazendo com que uma das afirmações do delator se confirme, dada aqui em audiência”, disse

Bittar, lembrando do interrogatório de Souza, no mês de março, quando alegou que alguns de seus depoimentos não constavam da ação penal. Bittar afirmou que teve acesso aos documentos sobre as empresas citadas no interrogatório por meio de Aranda.

Procurado pela Folha de Londrina, Castro preferiu não conceder entrevista. Nota assinada por ele e pelos promotores Jorge Fernando Barreto e Leila Schimit, afirma que o vídeo foi compartilhado “com o nítido propósito de tentar desqualificar o trabalho do Ministério Público e anular a Operação Publicano”.