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Até um quinto das exportações de soja do Brasil para a União Europeia tem rastros de desmatamento ilegal, diz estudo

Um estudo divulgado pela revista Science nesta quinta-feira (16) afirma que até 22% da soja e pelo menos 17% da carne bovina produzidas na Amazônia e no Cerrado e exportadas para a União Europeia podem ter rastros de desmatamento ilegal.

O estudo conclui também que apenas 2% das propriedades localizadas nesses biomas, os mais desmatados do Brasil, são responsáveis por 62% do desmatamento ilegal nessas regiões.
Segundo o estudo, boa parte dessa derrubada ilegal está associada à produção de alimentos ligados à exportação.

O artigo intitulado “As maçãs podres do agronegócio brasileiro” foi escrito pelo pesquisador brasileiro Raoni Rajão, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e contou com 12 pesquisadores de Brasil, Alemanha e Estados Unidos.

A situação ambiental no Brasil tem sido um dos entraves para a aprovação do acordo comercial entre UE e Mercosul, anunciado em junho do ano passado e que ainda aguarda aprovação de todos os países envolvidos.

Veja principais pontos do estudo:

No caso da soja, os agricultores usam terras desmatadas ilegalmente para produzir outras culturas, utilizando as áreas regulares para cultivo do grão e escapar de embargos;
Na carne bovina, o problema envolve os fornecedores indiretos, que são aqueles que vendem bezerros e boi magro para engordar em fazendas regulares e que não são fiscalizados por governos e empresas;
Cerca de 45% das propriedades na Amazônia e 48% no Cerrado que fornecem soja e carne para exportação não estão cumprindo as medidas de reflorestamento e preservação do Código Florestal.
Para chegar aos números apresentados, a equipe de pesquisadores analisou um conjunto de mapas sobre o uso da terra e o desmatamento no Brasil, chegando a cerca de 815 mil propriedades rurais.

A análise foi baseada em imagens de satélite e documentos públicos, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e as Guias de Trânsito Animal (GTA). Não são citadas empresas e nem pessoas.

“São poucos imóveis que estão causando esse problema para os outros produtores, por isso que são essas maçãs podres”, diz ao G1 Raoni Rajão, que afirma que é o primeiro estudo que conseguiu mapear toda uma cadeia de produção.