A Assembleia Constituinte da Venezuela, controlada pelo chavismo, cassou a imunidade parlamentar do líder opositor Juan Guaidó, que agora responderá à Justiça do país, fiel a Nicolás Maduro
A Assembleia Constituinte da Venezuela, controlada pelo chavismo, cassou nesta terça-feira, 2, a imunidade parlamentar do líder opositor e autoproclamado presidente interino do país, Juan Guaidó. “Retiramos a imunidade e levaremos seu caso à Justiça”, afirmou o presidente da Assembleia Constituinte, Diosdado Cabello. Ele vai responder a um processo penal na mais alta corte do país por “usurpação das funções” presidenciais, e pode ser preso. O Judiciário da Venezuela é fiel aliado do presidente Nicolás Maduro. As informações são do Estadão.
A cassação atende ao pedido do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, também controlado pelo chavismo, que retirou na segunda-feira a imunidade parlamentar do líder opositor. A decisão amplia o caminho para que o presidente da Assembleia Nacional seja preso.
O tribunal pediu o fim a imunidade de Guaidó por considerar que o autoproclamado presidente interino, reconhecido no cargo por mais de 50 países, violou a proibição de deixar o país imposta em 29 de janeiro.
Nesse dia, foi aberta uma investigação contra o opositor por “usurpar” as funções de Maduro, após ter se autoproclamado presidente interino no dia 23 de janeiro. Guaidó tomou esta decisão por considerar que Nicolás Maduro conseguiu o segundo mandato (iniciado em 10 de janeiro) através de eleições “fraudulentas”.
Guaidó saiu clandestinamente do país em fevereiro e retornou no dia 4 de março procedente da Colômbia, através do aeroporto internacional de Maiquetía, na região de Caracas.
Nessa viagem, o congressista visitou vários países da região, após o fracasso, em 23 de fevereiro, de sua tentativa de fazer entrar doações de alimentos e medicamentos enviados pelos Estados Unidos.
Em resposta à decisão, Juan Guaidó fez um pronunciamento em Caracas, para centenas de apoiadores. “Esta é uma resposta política de covardes que não podem dar uma resposta à falta de água, à falta de luz”, disse. “Eles perseguem para silenciar as vozes. Mas é impossível silenciar as vozes de mais de 91% dos venezuelanos”, afirmou.
Guaidó também reforçou o apelo para as Forças Armadas do país. “Me dirijo aos homens da FANB [Força Armada Nacional Bolivariana]: Eles já têm uma decisão a tomar. Existem todos os elementos. Permitir essa perseguição é ser contra a República e seus valores”.
Ele convocou manifestações contra Maduro para o dia 6 de abril. “Todos na rua. Se prenderem o Presidente da República, terão que responder aos 60 países do mundo que me reconhecem”, disse.
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