Por Josias de Souza, na Folha Online:
O vídeo acima foi divulgado pela Polícia Civil do Rio (AQUI para assistir). Contém imagem extraída do computador do assassino das 12 crianças.
Segundo a polícia, não é possível saber a data da gravação. Sabe-se, porém, que a imagem foi acessada pela última vez em julho de 2010.
Significa dizer que o crime da escola de Realengo vinha sendo planejado desde o ano passado.
Na peça, de 58 segundos, o atirador declara que as pessoas o desrespeitavam. Consideravam-no “um idiota”.
Emenda: “Descobrirão quem eu sou da maneira mais radical, numa ação que farei pelos meus semelhantes, que são humilhados…”
“…Agredidos, desrespeitados em vários locais, principalmente em escolas e colégios, pelo fato de serem diferentes…”
“…De não fazerem parte do grupo dos infiéis, dos desleais, dos falsos, dos corruptos, dos maus. São humilhados por serem bons”.
Na Era do Big Brother, época em que todo mundo quer aparecer, a loucura perambulava pelas ruas do subúrbio carioca insuspeitada.
Depois de matar, matou-se. Só então tornou-se visível. Desceu à cova como indigente, sem mãos que se dispusessem a segurar as alças do caixão.
Era ligeiramente introvertido, dizem os familiares. Tinha poucos amigos, testemunham os vizinhos.
Estudara na escola que manchou de sangue, atestam os professores. Em que momento se deu a ruptura?
Tempos implacáveis estes. Ninguém suspeitava que naquele sobrado da rua tranquila morava o satânico germe da violência tresloucada.
Vendo agora os olhos da loucura nas imagens que dão visibilidade tardia ao morto que viveu invisível, todos se perguntam:
Se já não distinguimos o louco do são, o assassino do inofensivo, o bom do mau, como evitar a consumação da ameaça?
Os macabros mistérios do episódio são mesmo desafiadores.
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