Por Celso Nascimento, na Gazeta do Povo:
O secretário da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, ex-deputado Ricardo Barros, licenciou-se há dias do cargo para se dedicar à campanha para se eleger presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).
Contando com o apoio do governador Beto Richa, pensava ser fácil montar uma chapa de oposição à atual diretoria da entidade, que lançou o empresário Edson Campagnolo para suceder Rodrigo Rocha Loures. A eleição vai ocorrer no próximo dia 3 de agosto, mas a inscrição de chapas termina nesta sexta.
Segundo fontes da Fiep, um “ibope” informal entre seus 99 eleitores – número de sindicatos patronais filiados – indica a possibilidade de Campagnolo conseguir pelo menos 95 votos, principalmente se conseguir somar à sua chapa o apoio de uma terceira que estava em formação.
É a chapa do industrial maringaense Carlos Walter Martins, que há meses se lançara candidato a presidente sob o estímulo – de quem? – exatamente de Ricardo Barros.
Ao verificar que seu padrinho na empreitada também decidira participar diretamente do pleito, Carlos Walter passou a acenar nos últimos dias com a adesão do seu time ao grupo do atual presidente. A adesão formal pode ocorrer antes de sexta-feira, o que tende a deixar Ricardo Barros sem espaço para montar sua própria chapa.
As antenas do Palácio das Araucárias, antes focadas na possibilidade de ter um “governista” no comando da mais poderosa entidade empresarial do estado, que responde por 35% do PIB estadual, já teriam percebido que o projeto de eleger Ricardo Barros não vai vingar. Por isso, o mais provável é que, depois de sucessivas eleições em que houve bate-chapa, a deste ano vai transcorrer com chapa única.
Político experimentado, com inúmeras vitórias na carreira (foi prefeito de Maringá, quatro vezes deputado federal, líder de dois governos e, nas últimas eleições, candidato a senador com expressiva votação), Barros já teria percebido que esses bons atributos não lhe bastam. Ou melhor, trabalham contra ele quando se trata de uma disputa entre empresários, que normalmente querem distância da política e dos políticos.
Hábil como sempre, é bem possível que decida retirar sua candidatura em nome de uma causa nobre – o consenso entre os industriais do estado, como já vem afirmando em várias oportunidades.
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