De Hildebrand Angel, para o Jornal do Brasil de sexta-feira (2):
Hoje não é dia de rir nem brincar, como a gente tantas vezes aqui faz. É Sexta-Feira da Paixão, dia de jejuar, de lembrar o Cristo crucificado, sua paixão, os suplícios sofridos em nome de salvar a Humanidade de seus próprios horrores. São as 14 estações da Via Crúcis, que nós nos acostumamos a ver nas paredes das igrejas.
Mas hoje, dia de chorar e carpir dores, percorreremos juntos as 12 estações de uma Via Crúcis diferente. Uma Via Crúcis brasileira, vivida e sofrida por mulheres notáveis, que vocês agora vão descobrir. Elas são parte das 27 sobreviventes e das 45 assassinadas ou desaparecidas, que não eram nem assaltantes nem traficantes nem criminosas.
Eram brasileiras patriotas, jovens idealistas, estudantes na maioria, militantes que lutavam para reconduzir nosso país ao estado democrático, para que pudéssemos todos exercer a liberdade do pensamento, do ir e do vir, do discutir, do divergir, para que pudéssemos voltar a ser cidadãos, voltar a pensar como indivíduos, e não como um rebanho perfilado e obediente, um Brasil de catatônicos, sob a ditadura militar.
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