Os motoristas e cobradores do transporte coletivo de Curitiba decidiram na noite desta segunda-feira (21) aprovar um indicativo de greve em 72 horas. Isso significa que na quinta-feira (24), a capital paranaense pode ficar sem ônibus. A decisão foi tomada em uma assembleia realizada no Terminal do Santa Cândida, após a paralisação de motoristas e cobradores que bloquearam as entradas do terminal em razão da falta de pagamento integral do chamado “vale”, que é o adiantamento quinzenal das empresas aos trabalhadores. A Viação Glória teria pago apenas metade do vale, apesar da Urbs afirmar que o repasse dos pagamentos às empresas está em dia, inclusive com antecipação na sexta-feira (18).
O bloqueio, que durou cerca de duas horas, foi encerrado depois que os representantes do Sindicato dos Motoristas e Cobradores (Sindimoc) chegaram e fizeram uma assembleia. Nesta assembleia é que o indicativo de greve foi aprovado. “Abrimos o indicativo de greve de 72 horas. Portanto, se até quinta-feira (24) todas as empresas não fizerem o pagamento integral do vale, teremos greve nos ônibus de Curitiba. São vários embates com as empresas que em janeiro, se comprometeram na Justiça a não atrasarem mais o vale. Lá, até multa de 1 milhão de reais foi estipulada caso não pagassem, mas a ameaça de punição pelo jeito não funcionou”, afirmou o presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira à Banda B.
Segundo o Sindimoc, os ônibus voltaram a circular normalmente na noite desta segunda-feira e devem operar integralmente nesta terça e quarta. “A greve vai acontecer na quinta se não pagarem o vale integral para todos”, completou.
A Urbs informou que está investigando as causas da paralisação no terminal do Santa Cândida e as razões do atraso do pagamento do vale pela empresa Glória. Segundo a Urbs, todos os repasses às empresas estão em dia.
Pressão
No último dia 16, o Sindicato das Empresas de Transporte da Grande Curitiba (Setransp) entrou com uma ação na Justiça para pedir o reajuste da tarifa técnica na capital paranaense. O novo valor da taxa, que corresponde ao montante repassado pela Urbanização de Curitiba (Urbs) às empresas do transporte coletivo, deve passar dos R$ 3,40 – contra os R$ 2,93 atuais.
Segundo o presidente da Urbs, Roberto Gregório, para dar conta de transferir essa quantia, o órgão tem duas opções: ou a prefeitura arca com os custos, retirando dinheiro de outras áreas, ou o preço da passagem do usuário (que está em R$ 3,30) aumenta.
“De uma forma ou de outra, quem vai pagar é a população. Por isso nós vimos com surpresa e achamos lamentável essa medida extrema por parte das empresas. Agora precisamos aguardar, já que ainda não fomos notificados oficialmente da ação”, disse Gregório em entrevista à Banda B na tarde desta quarta-feira (16).
De acordo com ele, a possibilidade de que a Justiça determine o reajuste da tarifa é alta, já que a última atualização do valor aconteceu em fevereiro deste ano. “Há vários meses nós tentamos negociar a pacificação do sistema do transporte coletivo, no que se refere às ações judiciais”, concluiu o presidente.
Petição
A petição inicial afirma que, desde fevereiro, quando a tarifa subiu, as operadoras estariam recebendo “remuneração insuficiente para quitar os custos do serviço, que são pagos referente ao valor da passagem de fevereiro de 2014”.
Os empresários ainda declaram que “passaram a sofrer pesadas consequências financeiras devido à indefinição do valor da tarifa técnica”. Segundo eles, o reajuste é necessário para conseguir arcar com o aumento de 9% nos salários e benefícios dos funcionários e de 15% no preço do óleo diesel.
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