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Aos vencedores, os tomates – por Edson Lau Filho

“Os memes e campeões de menções nas redes sociais, muitas vezes sátiras, são o espelho do sentimento de uma parcela significativa dos jovens, que não conhece, ou não possui canais de manifestação. Tudo isso reflexo da mudança do perfil do brasileiro médio, bem como do bônus demográfico, esse grupo que Fernando Henrique Cardoso vem chamando em suas palestras de “radicais livres”. Talvez a grande reinvenção dos partidos políticos, do estado, dos marqueteiros e vendedores em geral, será como fazer uma comunicação efetiva com tal parcela da população.

 Nos últimos dias o grande campeão de memes e menções das redes foi o tomate, mas quantos de nós dedicamos ao menos alguma reflexão sobre o significado do repentino sucesso desta fruta nas redes?”

O aumento de até 220% no preço do tomate em pouco mais de um ano é explicado pela diminuição da área plantada do tomate no Brasil, bem como por influências do clima. Mas, não é apenas o tomate que puxa a inflação a patamares que essa nova geração de consumidores nunca viu antes, além da alimentação (1,31%), habitação (0,74%) e vestuário (0,81%) foram os grandes puxadores da alta de preço segundo o índice IPC-S de março. Isso quer dizer que no último mês ficou mais caro, morar, se vestir e comer no Brasil.

O acúmulo da inflação de 2011 até 2013, de acordo com as previsões, pode passar dos 15%, tal situação fica ainda mais grave com o achatamento do salário e o endividamento da classe média, a procrastinação de soluções mais efetivas para a economia brasileira vai custar caro ao Brasil num futuro muito próximo.

A desoneração tributária como política de incentivo ao consumo e, portanto de estímulo ao crescimento econômico se mostrou ineficiente em 2012, o governo federal não parece disposto a rever seu posicionamento, pois suas ações estão balizadas tendo como horizonte as eleições de 2014.

Mais: com as “bondades” do governo federal, os estados e municípios são ainda mais achatados, pois a carga tributária renunciada é parte da composição dos fundos de participação dos municípios e dos estados. Assim, a bola de neve fica cada vez maior, pois os investimentos necessários são reduzidos e as obrigações com folha salarial e vinculação de receitas estrangulam estados e municípios, que ficam impossibilitados fazer maiores investimentos.

O colapso econômico/fiscal parece ser inevitável num país que vê sua produção industrial despencar, não investe em infraestrutura e logística e na contramão, assiste o crescimento da inflação.

As escolhas que o governo do PT faz são equivocadas, mas enquanto a cortina de fumaça dos memes tomateiros for a maior preocupação das redes sociais, não há horizonte de mudança estrutural, já que esse delírio febril que passamos, causa altos índices de popularidade da presidente. Lembremos que a febre é um sintoma, talvez seja tarde demais quando percebermos que o país caiu doente.

*Edson Lau Filho é assessor de Políticas Públicas para a Juventude do Governo do Paraná e presidente estadual da Juventude do PSDB