Eduardo Maia, O Globo
Cidade do Paraná celebra centenário com novas atrações e a notícia da chegada do primeiro hotel Park Hyatt no Brasil
FOZ DO IGUAÇU – A fronteira é tríplice, com Paraguai e Argentina, mas há muito mais línguas faladas em Foz do Iguaçu que apenas português e espanhol. Terceira cidade mais visitada por estrangeiros a lazer no Brasil, segundo dados do Ministério do Turismo, Foz completou cem anos em 2014 com novas atrações turísticas e o anúncio de que receberá o primeiro hotel de luxo da bandeira Park Hyatt do Brasil. Como se já não bastasse ter, em seu quintal, as Cataratas do Iguaçu, eleitas uma das Sete Maravilhas Naturais do mundo em 2011.
Anunciado na última semana e previsto para 2017, o Park Hyatt Foz do Iguaçu terá 170 apartamentos e suítes de luxo, quatro restaurantes e bares, um spa, um centro de atividades físicas, uma piscina externa e mais de 1.500 metros quadrados para área de eventos e reuniões, e ficará a aproximadamente 15 minutos do Centro de Foz do Iguaçu e a 10 quilômetros do Parque Nacional do Iguaçu.
A localização do futuro Park Hyatt, dentro de um complexo imobiliário de 39,6 hectares às margens do Rio Iguaçu, só não será melhor que a do Belmond Hotel das Cataratas, o único dentro do Parque Nacional do Iguaçu. Desde 2007 administrado pelo grupo Orient-Express (o mesmo do Copacabana Palace), o cinco estrelas funciona em um prédio de 55 anos, que remete à arquitetura do período colonial e está a poucos passos das passarelas de onde se avistam as primeiras quedas d’água. Outro destaque da hotelaria da cidade, o Bourbon Cataratas foi a casa da delegação da Coreia do Sul durante a Copa do Mundo e passou por algumas melhorias, sobretudo nas áreas comuns, que ficaram como “legado” para os hóspedes pós-Mundial.
Os coreanos chegaram a Foz do Iguaçu em 11 de junho, um dia após o centenário da cidade, e se não estivessem tão comprometidos com os treinos poderiam ter ido, dois dias depois, à inauguração do Dreamland, autointitulado “o maior museu de cera da América Latina”. São 70 figuras em tamanho real de personalidades como Michael Jackson, Barack Obama, os papas Francisco e João Paulo II, Santos Dumont, Charlie Chaplin, Albert Einstein e Neymar, além de personagens da cultura pop, como Homem de Ferro, Yoda, Jack Sparrow, Chapolin, Homer Simpson e Bob Esponja, espalhadas por 16 ambientes diferentes.
Um mês depois, no mesmo complexo onde fica o Dreamland, na Rodovia das Cataratas, foi inaugurado o Vale dos Dinossauros, com 20 réplicas de animais pré-históricos. As figuras estão dispostas em um bosque ao ar livre, e boa parte delas são articuladas e emitem sons. Alguns são tão altos que podem ser vistos da rua.
Por conta do centenário da cidade, o departamento de turismo da usina hidrelétrica de Itaipu inaugurou, também em junho, o Porto Kattamaram, de onde sai o concorrido passeio de barco pelo Lago Itaipu.
ESPETÁCULO NATURAL ENTRE DOIS PAÍSES
A força da natureza que muda o curso do Rio Iguaçu é a mesma que arrasta para o oeste do Paraná em média 1,5 milhão de turistas por ano. As Cataratas do Iguaçu são um espetáculo que merece ser visto com os próprios olhos e aproveitado com calma. Isso significa gastar pelo menos dois dias na região, um para cada país responsável por esta que é uma das Sete Maravilhas Naturais do Mundo. Visitar tanto o brasileiro Parque Nacional do Iguaçu quanto o argentino Parque Nacional del Iguazú é obrigatório.
O parque brasileiro, a 25 quilômetros do Centro de Foz do Iguaçu e a 10 do aeroporto, é menor (dois terços das 275 quedas d’água do complexo ficam na margem argentina), mas conta com uma estrutura melhor que o argentino. Do amplo centro de visitantes saem ônibus panorâmicos e climatizados que cruzam o parque, parando nos pontos de interesse. Em frente ao Hotel das Cataratas está o ponto que marca o início da Trilha das Cataratas, o caminho cênico que percorre 1.200 metros de frente para as cataratas (quase todas do lado argentino), com mirantes espaçosos. A trilha termina na passarela da Garganta do Diabo, o ponto mais impressionante das Cataratas, uma queda d’água em U com 82 metros de altura e 700 metros de extensão.
Durante todo o percurso, animais cruzam o caminho, como as gralhas-picaças, donas de bela penugem negra e azul, e quatis — que não devem ser alimentados, já que podem se tornar bastante agressivos. Para ver um número maior de animais, no entanto, é preciso fazer excursões paralelas, pagas à parte. A mais famosa é o Macuco Safári, um passeio que começa a bordo de um pequeno veículo que cruza parte da floresta e termina num barco, que leva os visitantes para bem perto das quedas d’água, proporcionando um banho de cachoeira inesquecível. Outro é a Trilha do Poço Preto, que une nove quilômetros de caminhada dentro da mata com passeio de barco pela parte alta do Iguaçu.
Do lado da cidade de Puerto Iguazú, o parque também merece pelo menos um dia de exploração. Em vez de ônibus, há um simpático trenzinho que leva até um largo de onde saem as duas trilhas principais. O Circuito Superior, com 650 metros, tem passarelas elevadas que passam por cima das cataratas, oferecendo um ponto de vista diferente. O Circuito Inferior é maior, com 1.700 metros, e intercala trechos colados ao rio com outros por dentro da mata, e algumas escadas, que levam bem perto da cortina de fumaça de algumas cachoeiras.
Infelizmente, até meados de 2015, a terceira e mais procurada trilha estará fechada. O Sendero Macuco, que leva até a Garganta do Diabo, teve as passarelas danificadas nas cheias do meio do ano.
O parque argentino também oferece passeios extras. O mais divertido é o Aventura Náutica. São 15 minutos a bordo de um barco, que vai até a Garganta do Diabo. Como no Safári Macuco brasileiro, todos os passageiros saem encharcados. E felizes.
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