Arquivos

Categorias

Ao G1, Greca sugere metrô aéreo para o trânsito de Curitiba

O candidato do PMDB, Rafael Greca, defende a construção de metrô aéreo como ação principal para melhorar o trânsito em Curitiba.

Em entrevista ao G1, o portal de notícias das organizações Globo no Paraná, Greca afirmou que os recursos para a construção de 14 quilômetros de metrô enterrado, darão para constuir mais de 60 quilômetros de metrô aéreo integrando plenamente Curitiba as cidades da região metropolitana.

“Se eu posso fazer 65 km de metrô aéreo, não tem porque eu enterrar o metrô. E eu jamais farei o metrô com o modal ferroviário no lugar do modal rodoviário. Eu deixarei o sistema rodoviário exemplar de Curitiba, o metrô rodoviário que Curitiba já tem”.“Metrô é uma abreviatura do francês ‘Métropolitain’, do inglês ‘Metropolitan’ – é Metropolitano. Não tem metrô de 14 km do Pinheirinho até o Centro, isso não é metrô”, disse Greca, em entrevista aos jornalistas Bibiana Dionísio e Fernando Castro.

O candidato também falou sobre a construção de trincheiras para desafogar o trânsito de carros, sincronização dos sinais de trânsito e de como pretende resolver as questões da saúde, segurança, falta de creches, educação e habitação.

Greca também destacou seu projeto de energia solar com a construção de um parque fotovoltaico, sobre turismo e como Curitiba irá receber, sob sua gestão, os jogos da Copa do Mundo de 2014.

Leia a seguir a íntegra da reportagem:

“Rafael Greca (PMDB) sugere metrô aéreo para o trânsito de Curitiba

O ex-prefeito da capital, entre 1993 e 1997, pretende voltar ao cargo em 2013. Ele explicou as propostas para a cidade em entrevista ao G1

O ex-prefeito Rafael Greca (PMDB) é um dos postulantes ao cargo de prefeito de Curitiba nas eleições de 2012. Ele concorre sem coligações ao cargo que ocupou entre os anos de 1993 e 1997, quando ainda integrava o PDT e o grupo político do ex-prefeito e ex-governador Jaime Lerner. Em 2012, contudo, o incentivador da candidatura de Greca é justamente o maior adversário político de Lerner, o senador Roberto Requião.

Além de evocar obras e realizações do antigo mandato, Greca criticou as administrações da cidade que se seguiram à sua, e garantiu que é um candidato diferente que volta à cena em 2012.

Entre as principais propostas estão a reformulação dos sistemas de saúde de saúde e mobilidade, a revisão das terceirizações de serviços, além de ideias como o metrô aéreo e a geração de energia elétrica a partir da luz do sol.

Politica – Mesmo diante da aparente contradição nos apoios, Greca diz se sentir confortável com a situação, confiando que a população irá avaliar ele próprio, e não os apoiadores.

“Em dois momentos da minha vida eu tive apoio de duas figuras importantes, e às vezes antagônicas, da política do Paraná. Em Curitiba, os dois foram bons prefeitos (…) então o Requião e Jaime Lerner quando se trata de Curitiba são convergentes, e quando se trata do Rafael Greca, pelo jeito, também são”, justificou o candidato. Ele destaca que pensa apenas no futuro, e que pretende ser comparado com os atuais concorrentes.

“Há três máquinas de poder: um candidato patrocinado pelo casal de ministros, há um outro candidato patrocinado pelo governador, e há um outro candidato que tem rede de televisão (…) eu tenho Curitiba”, comparou.

Greca também reclama de denúncias que diz ter recebido de eleitores sobre pesquisas eleitorais feitas sem a inclusão do nome dele. “Não passarão os que queiram dizer que eu sou irrelevante, porque eu sou grande demais, em forma física inclusive, para me esconderem debaixo do tapete”, enfatiza.

Ainda que destacando feitos de sua gestão à frente de Curitiba, o candidato do PMDB garante que volta à disputa com um perfil diferente.

“Eu sou adepto do filósofo Heráclito de Éfeso, eu até uso esse verso dele no meu poema do Rio Iguaçu – ‘Você pode olhar diversas vezes o mesmo rio, e nunca é a mesma água que você vê’. O Rafael que volta não é o mesmo que já foi prefeito, é muito mais experiente, muito mais maduro, muito mais voltado para cuidar das pessoas”, definiu.

Saúde – Questionado sobre o direcionamento das políticas públicas no caso de ser eleito, Greca enfatizou a saúde como foco principal.

“Na primeira hora do primeiro dia de governo nós vamos reavaliar a saúde pública”, garantiu. Para tanto, ele pretende implantar uma rede que concilie os 120 postos de tratamento de rotina com postos de saúde 24 horas, constituindo uma rede de urgência de apoio. “Vamos começar a contratar médicos e profissionais de saúde em uma tabela acima da do SUS, para termos os profissionais na hora certa”, disse.

Como símbolo do problema enfrentado pela saúde pública municipal, Greca recordou do caso de um músico de 40 anos, que morreu após esperar 35 horas por uma vaga de UTI depois de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

“Que mundo é esse? Que mata as pessoas?”, questionou. Na ocasião, a prefeitura garantiu que a vítima recebeu os mesmos tratamentos realizados na UTI, mas em uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Ippuc – Servidor concursado do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Greca afirmou ser urgente um “resgate” da antiga atuação do órgão.

“O Ippuc precisa parar de ser uma agência que terceiriza projetos. Precisa de um prefeito que sente lá dentro”, afirmou Greca, lembrando que prefeitos que o antecederam, como Lerner, Saul Raiz e Requião eram assíduos frequentadores. “Os prefeitos não foram mais ao Ippuc, até por medo de não ter o que dizer dentro do Ippuc”, criticou.

Entre as ideias de renovação do órgão, o candidato cita a valorização dos funcionários, e a necessidade de “faxina” na cidade, sem pichações ou valetas entupidas. “Vamos devolver ao IPPUC o caráter de cérebro pensador da cidade”, promete.

Trânsito – Nesta linha de planejamento, Greca se posiciona contrário à implantação do metrô como está sendo conduzida pela atual gestão, com uma linha de 14 km ligando a região sul até o centro de Curitiba. Ele critica o modelo principalmente em relação ao tamanho, já que seriam 14 km entre 4 mil km de ruas na cidade. Para solução, a proposta é o chamado “metrô aéreo”.

“Se eu posso fazer 65 km de metrô aéreo, não tem porque eu enterrar o metrô. E eu jamais farei o metrô com o modal ferroviário no lugar do modal rodoviário. Eu deixarei o sistema rodoviário exemplar de Curitiba, o metrô rodoviário que Curitiba já tem”, sugeriu, em referência às canaletas dos ônibus biarticulados.

Nesta proposta, ele pretende integrar Curitiba e Região Metropolitana (RMC) através de linhas como “Araucária-Curitiba-Colombo” e “Colombo-Curitiba-Fazenda Rio Grande”. “Metrô é uma abreviatura do francês ‘Métropolitain’, do inglês ‘Metropolitan’ – é Metropolitano. Não tem metrô de 14 km do Pinheirinho até o Centro, isso não é metrô”, criticou.

Perguntado sobre a viabilidade da proposta, o candidato reconhece que não há dinheiro disponível, mas se diz confiante com os possíveis resultados de negociações com o Governo Federal.

“Se a dona Dilma (Rousseff) é tão boazinha e nós dá um bilhão, bendita seja dona Dilma, vamos usar esse bilhão para fazer mais. Se conseguirmos mais um bilhão, quero fazer muito mais”, previu o candidato, em referência aos recursos repassados a fundo perdido.

“Que tal se eu consigo seduzir o ministro das Cidades? Um prefeito urbanista solto em Brasília é sempre melhor que um prefeito não urbanista”, falou Greca, lembrando que em sua antiga gestão conseguiu recursos junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento e ai Banco Mundial para financiar projetos na cidade.

O dinheiro do Governo Federal também é esperado pelo candidato para que o transporte coletivo seja “calibrado”. Ele elogia o sistema que vigora, mas lamenta que a concessão do serviço tenha sido renovada em 2010 sem intervenções da administração. “O atual prefeito e o atual governador renovaram o contrato com as mesmas empresas.

De repente, o sistema que poderia ter sido melhorado não foi, e o que vimos foi um suceder de acidentes, alguns tristemente fatais. Vimos gente ser ejetada para fora dos tubos”, criticou, sem, contudo “desmoralizar o bem que foi feito”.Já para quem optar pelo uso do carro, o ex-prefeito sugere a construção de viadutos e trincheiras para desafogar o trânsito.

Greca promete também dar atenção aos ciclistas, incentivando o uso da bicicleta através da construção de 600 km de ciclofaixas até o final do mandato.

“As ciclofaixas seriam primeiro nas estruturais. Vamos fazer as cruzes ‘norte-sul’ e ‘leste-oeste’ pela via lenta que acompanha a faixa do ônibus expresso. Depois vamos fazer um anel central, vamos também fazer os vales dos rios, o vale do Rio Passaúna, do Rio Barigui, do Iguaçu e do Rio Belém”, exemplificou, prometendo ainda restaurar os 114 km das “ciclovias verdes” e que, segundo ele, foram “abandonadas”.

Atualmente, das 183 escolas municipais de Curitiba, 91 tem ensino integral. Greca diz pretender ampliar este número, mas a principal proposta para o setor educacional deve ser o fortalecimento cultural das crianças.

“Eu posso orientar a Fundação Cultural de Curitiba (FCC) para ser complementar ao ensino, e ao invés de fazer uma fundação de cultura para quem já é saciado, eu faço uma fundação de cultura para que ainda não é educado”, justificou.

Questionado sobre o déficit de vagas em creches apontado pelo Ministério Público, Greca disse não gostar de “estatísticas de tragédia”.

Ele lembra que fez 33 creches durante seu mandato, e acusa os prefeitos seguintes de ter ampliado o número em apenas 40 nos 15 anos que passaram. “Não está havendo uma visão generosa com a cidade”, critica, classificando ainda as creches com mil vagas como “depósito de crianças”.

O candidato defende que as 190 escolas municipais recebam alunos a partir dos três anos, desocupando então as vagas das crianças de três a cinco anos das creches. “Eu falo em uma multiplicação das vagas de creche, sem ter que construir muita coisa a mais”, explicou.

Habitação – A prioridade de um possível novo mandato de Rafael Greca quanto à habitação deve ser em relação às ocupações em áreas de risco, como ao longo de rios.

“Vou com certeza inventar alguma coisa para o povo mais humilde ter onde morar”, garantiu. Ele critica ainda o preço dos imóveis em programas como o “Minha Casa Minha Vida”, do Governo Federal, cujas prestações mínimas ele considera altas e que não ajuda na diminuição da fila da Cohab de 75 mil pessoas a espera de uma casa própria.

“Eu acho que nós temos que retomar, daí na RMC, a ideia de bairros novos, de financiamento de loteamentos populares (…) a territorialidade de Curitiba já não comporta 75 mil casas, não há onde pôr isso. Tem que haver um processo inteligente, talvez também de retomada dos espaços vazios nas áreas centrais e degradadas da cidade”, sugeriu.

Energia solar – As casas populares citadas podem também ser foco da proposta de Greca para obtenção de energia solar, já que seriam feitas com capacidade de transformar o recurso natural em luz.

“Onde as pessoas possam um dia se livrar da Copel, e em vez de comprar luz da Copel, passar a vender luz para a Copel, porque a resolução da Aneel diz que isso é possível”, justificou.

O projeto envolve também a construção de fotovias, árvores de luzes, e um parque de usinas fotovoltaicas nos lixões, com objetivo de atingir em médio prazo o abastecimento de rede de iluminação pública, garantindo o consumo de eletricidade em prédios públicos. Essa estrutura seria gerida por uma empresa de economia mista.

Perguntado sobre a incidência solar em Curitiba, Greca minimizou. “A cidade menos insolada do Brasil é Florianópolis, por incrível que pareça, e lá a Eletrosul está fazendo uma usina fotovoltaica. O sol é tão fantástico que até quando ele não aparece ele ilumina e gera energia”, justificou.

SegurançaUma das soluções apontadas por Rafael Greca para a questão da segurança pública é dobrar o efetivo atual da Guarda Municipal. “Nós podemos transformar os 2,575 endereços públicos de Curitiba em espaços aonde exista um homem de carne e osso guardando a vizinhança”, sugere, recordando do exemplo dos guardas que cuidavam das torres dos Faróis do Saber da cidade. “Mandaram embora o guarda e puseram um alarme terceirizado”, reclama.

O candidato também sugere medidas paralelas que atuem para desfavorecer a criminalidade. “O prefeito tem que acender luzes, abrir ruas, promover serviço social, restaurar o ônibus da linha sopão, aonde se faz a abordagem social das chamadas populações de rua, tem que reabrir a fazenda solidariedade, e que se ocupar dos desvalidos”, resumiu.

Outro trunfo almejado por Greca para combater a violência, já que Curitiba é a sexta capital brasileira no índice de homicídios, é o investimento nas pessoas.

“A melhor segurança nascerá da educação, da justiça social e da sensibilização da mocidade estudiosa para não cair na tentação do reino das drogas”, apontou. Ele cita ainda medidas como a restrição do tempo de funcionamento de bares em áreas violentas como uma ideia a ser estudada.

Turismo – Com Curitiba sendo uma cidade segura, Greca acredita que naturalmente atrairá turistas. Ele lembra que durante o mandato exercido a programação cultural foi “intensa”, com espetáculos na Pedreira Paulo Leminski e a criação e parques e monumentos temáticos aos imigrantes da região. “Mas eu nunca trabalhei a cidade para chamar o turista, eu trabalhei a cidade para ela ser boa para o nosso povo”, explicou.

Copa do Mundo – A promessa de Rafael Greca com relação às obras da Copa do Mundo de 2014 em Curitiba é a de investir seis vezes mais em setores básicos da cidade.

“Para cada real que a gente colocar na Copa, nós vamos colocar um real em segurança, um real em educação, um real em saúde, um real em mobilidade, um real em novas energias, e um real em transporte”, disse.

Ele minimiza o alvoroço feito com a urgência das obras do Mundial, lembrando que para a visita do Papa João Paulo II em 1980 não foi feita nenhuma intervenção extraordinária para receber mais de um milhão de visitantes. “Não me mete medo nenhum”, garantiu, lembrando que foi o encarregado do Ippuc para organizar o evento.”