O Palácio do Planalto e líderes aliados trabalham agora para obter o maior placar possível contra a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o presidente Michel Temer, na votação do próximo dia 2 de agosto, no plenário da Câmara dos Deputados. Segundo interlocutores, o “tamanho da base” na votação é que definirá a continuidade das votações da agenda econômica no Congresso, notadamente o tamanho de uma reforma da Previdência. As informações são de Cristiane Jungblut n’O Globo.A avaliação entre os aliados e na oposição é que Temer deve vencer a etapa da votação, porque seus opositores não têm os 342 votos necessários para aprovar a denúncia e a consequente autorização para processar Temer em ação penal. Segundo os levantamentos internos, a base hoje já teria ao menos 257 dos votos da Casa – maioria dos 513 deputados -, um patamar simbólico a ser atingido.
A partir deste número, segundo aliados, “é lucro”. O ideal é ter mais de 280 votos. Os aliados usarão a votação para testar a força de Temer, diante de todo o desgaste político e econômico que enfrenta.
No encontro realizado em São Paulo, a cúpula do PSDB e do DEM avaliaram a situação e também concordaram que o número de votos ditará o tamanho da base para aprovar ou não reformas. O líder do DEM na Câmara, deputado Efraim Filho (PB ), disse que o governo tem como rejeitar a denúncia e que a própria oposição admite que não há votos suficientes. São necessários 2/3 dos 513 deputados, ou 342 votos, para o processo seguir. Temer precisaria de apenas 172 para barrá-lo.
QUORUM GARANTIDO
O rito estipulado pelo presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), ajuda a forçar a oposição a registrar presença. Isso porque os debates sobre a denúncia começarão com apenas 52 deputados em plenário.
– Acredito que a pior resposta que o Congresso pode dar é a omissão, a inércia, é não votar e deixar o Brasil sangrando. Acredito que terá quorum sim no dia 2 e que haverá uma base sólida para derrubar a denúncia. O desafio será o da governabilidade a partir deste passo, a margem de maioria que haverá para o governo a partir do dia 2. A oposição também admite que não tem os votos, ou seja, deve comparecer. A pior resposta neste momento é a inércia e a omissão – disse Efraim.
Mas o líder admite que o governo tomou um “remédio amargo”ao aumentar impostos para conter a crise fiscal.
– É um remédio amargo e é claro que a sociedade não apoia um aumento de impostos, mas numa situação de desequilíbrio fiscal ao qual o Brasil se encontra não sobrou outra alternativa. É preciso sim vir seguido de corte de gastos e pensar em equilibrar a situação fiscal, porque a solução para o Brasil não pode ser o aumento de impostos – completou.
Os votos estão sendo contabilizados pelo vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP), que avalia uma margem de 267 votos. Ele repassou a Temer uma lista de 80 deputados indecisos para que o presidente entrasse em contato, por telefone.
Deixe um comentário