Poucas viagens, baixo apelo por novas eleições e confronto com senadores esfriam movimento pela absolvição da presidente afastada, Dilma Rousseff.
Mesmo durante o “recesso branco” parlamentar, a defesa da presidente Dilma Rousseff deve entregar até amanhã as alegações finais da petista por escrito à Comissão Especial do Impeachment. O documento voltará a bater na tecla de que houve desvio de poder por parte de parlamentares que encamparam o processo, além de cerceamento da defesa. A petista ainda prepara uma carta para apresentar nas próximas semanas em que apontará medidas a serem tomadas em caso de retorno. Dentro do próprio partido, porém, há a avaliação de que houve falhas na estratégia para conseguir reverter votos suficientes para salvá-la. As informação são do Correio Braziliense.
A análise dos próprios apoiadores da presidente é de que a falta de amparo à proposta de chamamento de novas eleições como moeda para um retorno e a baixa adesão a atos de rua colaboraram para piorar o cenário. Dilma ainda viajaria menos do que o ideal. A presidente fez 10 viagens nos últimos dois meses e conseguiu arrecadar R$ 773 mil em uma vaquinha virtual. No mês passado, ela foi ao Rio de Janeiro e a cidades do Norte e do Nordeste. Ontem, a presidente esteve em Aracaju. Já a última grande manifestação ocorreu 10 de junho e ainda não há um protesto nacional marcado antes da votação.
A admissibilidade do impeachment no Senado foi aprovada em 12 de maio por 55 votos a 22, e três ausências. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se absteve. Senadores a favor do impeachment contam com pelo menos mais dois votos pela votação do parecer do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) em plenário, sendo um deles o de Jader Barbalho (PMDB-PA) — que esteve ausente —, cujo filho, Helder Barbalho (PMDB) é ministro da Integração Nacional. Já Pedro Chaves (PSC-MS) — suplente do senador cassado Delcídio do Amaral (PT-MS) está sendo cotado pelos dois lados, embora aliados de Dilma acreditem que ele votará a favor do impeachment.
Petistas vinham trabalhando para reverter votos de senadores ditos indecisos. O PT buscava seis votos estratégicos, considerados indecisos: Acir Gurgacz (PDT-RO), João Capiberibe (PSB-AP), Roberto Rocha (PSB-MA), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Cristovam Buarque (PPS-DF) e Hélio José (PMDB-DF). Dilma tem conversado com parlamentares, mas os próprios senadores do PT não levaram a ideia adiante. Senadores queriam ao menos 28 assinaturas para levar adiante a proposta, o que não ocorreu. Em jantar no último mês na casa do senador Roberto Requião (PMDB-PR), ficou definido que se chamaria um plebiscito para consultar a população sobre eleições. Gurgacz teria dito ao presidente do partido, Carlos Lupi, e assegurado a colegas que votaria em prol da petista.
Deixe um comentário