O governo alemão aprovou, nesta quarta-feira (18), um projeto autorizando “em última instância” nacionalizações dos bancos para consolidar o sistema financeiro, segundo o jornal francês Le Monde. É uma reviravolta de 180 graus nas concepções que até alguns meses atrás vigoravam em todo o mundo: o Estado não deve se imiscuir na economia, o tal do chamado pensamento único, que muitos políticos e jornalistas paranaenses e brasileiros ainda defendem.
Esta lei, que ainda deve ser examinada pelo Parlamento, abre caminho para uma expropriação dos acionistas do banco Hypo Real Estate. Nota do governo esclareceu que nenhum outro banco alemão parece se orientar para problemas comparáveis aos do Hypo, cujo capital está em 25% nas mãos do fundo de investimento JC Flowers, dos Estados Unidos.
No mês passado, o governo de Ângela Merkel considerou necessário o controle do estabelecimento de crédito com sede em Munique, que se beneficiou no ano passado de 102 bilhões de euros repassados pelos poderes públicos ou outros estabelecimentos financeiros, sem que sua situação financeira melhorasse. Berlim se recusa a deixar falir o Hypo Real Estate, banco que desempenha papel chave no mercado securitário alemão.
Outros países europeus, como a Grã-Bretanha e a Irlanda, recorreram a medidas semelhantes de controle público sobre bancos em razão da natureza extraordinária da crise. Em vez de repassar dinheiro público a bancos que se encontram em situação difícil por inúmeras irregularidades que cometeram, vários governos estão intervindo nos bancos para salvar a economia de seus países, sem que a população tenha que pagar a conta.
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