Em palestra na Associação Comercial do Paraná (ACP), nesta sexta-feira (29) à noite, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), falou como candidato e à presidência da República, disse que sairá vencedor quem “trouxer esperança”, e que “tem que estar preparado para o futuro” e ironizou os novos partidos que tentam ganhar espaço com o desgaste da política tradicional. “Vai ganhar a eleição quem trouxer esperança, e essa vai ser a campanha da verdade. Quem olhar nos olhos e falar a verdade vai ganhar”, disse. As informações são do Valor Econômico.
“Essa eleição vai ser a da experiência, da experiência do povo brasileiro com o sofrimento. “O PSDB vive um momento difícil; impeachment tem trauma”, falou o tucano. “No parlamentarismo, a troca de governo é simples. O presidencialismo é ditadura de mandato. Romper isso gera trauma. Era necessário para o país, mas gera trauma”, argumentou.
“Fui um dia a Porto Alegre, e me falaram do Novo [partido fundado por jovens de inclinação liberal. Indaguei? Quem é o Novo? É ter 30 anos, 40, 50? É não ter experiência, não ter disputado eleições?”, questionou Alckmin, antes de responder ele mesmo: “O novo é defender o interesse coletivo, é o abraço coletivo. Ele é órfão no Brasil todo dia. As corporações tomaram conta, no setor público e privado.”
Foi um dos raros momentos em que falou de política na fala de menos de trinta minutos. Na maior parte do tempo, preferiu voltar sua atenção à economia. “Temos como grande desafio recuperar competitividade, desburocratizar, buscar eficiência no gasto público. O mundo que cresce tem política fiscal e monetária rigorosíssima, e política cambial cuidadosa, para não ter grande apreciação da moeda”, exortou.
Na chegada ao evento, questionado por jornalistas sobre a possível ida de seu colega de partido, o prefeito de São Paulo João Doria Jr, para o Democratas, Alckmin foi irônico. “Não vou comentar especulação. Mas sou a sétima assinatura na fundação do PSDB. Nós não mudamos de partido. Nós fundamos um”, falou, com sorriso amarelo no rosto.
Aproveitou a entrevista para cutucar Doria. “Em política você não obriga, você conquista”, falou, num momento da entrevista. Noutro, questionado sobre as viagens do prefeito paulistano, disse o seguinte: “Não vejo nenhum problema. Podendo viajar, é ótimo. A gente aprende muito. [Mas] Eu procuro ir à noite ou de fim de semana.”
“Desafio é gerar emprego”
“O grande desafio do mundo moderno é emprego. Infraestrutura gera muito emprego, e reduz o custo Brasil. Há uma enorme possibilidade na área de concessões e parcerias público-privadas. Em São Paulo, eu tirei a exigência de atestado técnico. Quem ganhou a penúltima concessão foi um fundo de investimento. Deixou de ser um negócio de construtoras”, disse Alckmin, na palestra a empresários.
“Hoje, sobre dinheiro no mundo. Temos aí uma possibilidade enorme de trazer capital com segurança jurídica, minimizando risco cambial e alavancar um grande programa de investimentos”, propôs o tucano, que também pediu mais atenção ao comércio exterior. “À exceção de algumas áreas industriais e agrícolas, saímos do mercado externo. É preciso saber jogar o jogo do século 21, ter grande inserção internacional.”
“Parlamentarismo é mais solidário”
Após a palestra, questionado por convidados a respeito de modelos políticos para o Brasil, Alckmin disse ser favorável ao parlamentarismo, mas que ele exige uma reforma política no Brasil. “Não dá pra fazer parlamentarismo com 35 partidos. Mas acho que ele é mais moderno para superar crises. O modelo presidencialista é de baixa solidariedade. Se o Executivo vai mal, o parlamento não está nem aí. No parlamentarismo não é assim. Um mau governo pode gerar a dissolução do parlamento. Mas não tem como discutir isso sem fazer a reforma política”, falou.
A vinda do governador paulista levou à ACP o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), e o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP) — que é casado com a vice-governador Cida Borghetti. Alckmin recebeu, em Curitiba, os títulos “Cidadania ACP” e “Defensores da Liberdade”, este entregue pelo Instituto Democracia e Liberdade (IDL), fundado por um ex-presidente da ACP, Edson José Ramon.
Um veterano peessedebista, presente ao evento, disse ao Valor não ter dúvidas de que Alckmin será candidato pelo partido em 2018. “O que Doria está fazendo não é correto. Ele não foi leal com seu padrinho”, lamentou. Questionado se o governador paulista teria se arrependido de fazer de Doria seu candidato à prefeitura, não titubeou: “Certamente”.
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