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Adeus a um grande brasileiro

Por Elieuton Mayer, no SOS Comunidade:

As redes de TV, principalmente a cabo utilizam a tarde de hoje para comentar e reproduzir antigas entrevistas do ex-vice presidente José Alencar, o 11º de 15 irmãos de uma família pobre brasileira, como tantas são.

Foi o vice-presidente do Brasil mais conhecido e respeitado e a quem temos muita gratidão.

O bom humor e a coragem do mineiro da Zona da Mata, da pequena Muriaé, católico fervoroso, com que enfrentou a doença foram pontos altos dos comentários dos profissionais da imprensa e de muitos brasileiros horas depois dele partir.

Numa das entrevistas na Globosat, Alencar explicou a diferença de avaliação do enfrentamento de sua doença. “A preocupação deve ser com a doença do vice-presidente e não a de José Alencar”.

Os jornalistas não conseguiram como boa parte dos brasileiros, disfarçar a tristeza da morte, mas, uma tristeza diferente, afinal ninguém melhor que o doente para avaliar seu quadro clínico.

Ouvindo entrevistas antigas de Alencar, relembro-me de uma em que ele dizia que seu maior desejo ao sair do hospital era de comer torresmo. Em outra ele conta do período em que morou no Rio de Janeiro mas no auge da juventude não deixava de passar em uma casa de danças para dançar um “sambinha”.

Em outra passagem ele contava sobre a saída de casa quando começou a trabalhar aos 14 anos, seu salário era tão baixo que ele só conseguia pagar um quarto de corredor na pensão em que morava.

Foi um homem que sofreu todas as desventuras e contou que uma das maiores provações em sua vida, foi usar a bolsa de colostomia quando ficava dependente de enfermeiras para auxiliá-lo.

Foi um homem que nos ensinou a ser grandes e enfrentar as dificuldades de frente. Em uma entrevista recente, Alencar fez um alerta que serve para todos nós. “prevenir é melhor que remediar”, referindo-se a sua doença.

O que deixa os brasileiros mais tranqüilos é que após tantas cirurgias a dor cessou e o descanso merecido chegou, e ele será lembrado não por sua batalha contra o câncer, palavra que nunca teve medo de repetir nestes 14 anos de luta contra o mal, mas por sua força para manter a vida.

Desde 1997 o empresário mineiro de sucesso acabou infelizmente entrando tarde na carreira política, apenas nos anos de 1990, pois era um exemplo a ser seguido. Foi senador.

O ex-presidente Lula disse logo após a posse em 2003 que “nem todo irmão é um grande companheiro, mas todo companheiro é um grande irmão” referindo-se a relação com o seu vice-presidente.

Alencar classificou bem sua força de viver quando declarou que “não tenho medo da morte, tenho medo da desonra” um exemplo de que era um homem que merecia o respeito de todos nós brasileiros.

Fica para história brasileira como um grande vice-presidente, um grande empresário, um grande homem. Desses que deveriam nascer aos montes, para honrar o orgulho de nascer brasileiro.

Um homem de fibra, José Alencar passou por muitos problemas de saúde. Teve câncer de rim, próstata e estômago, edema pulmonar e grave inflamação no peritônio.

Nós os brasileiros pouco corajosos, muitas vezes reclamamos de uma simples dor de cabeça.

Seu corpo será velado a partir de amanhã e o sepultamento na quinta-feira.

Elieuton Mayer é colunista do site www.soscomunidade.com.br

Política, economia, cultura e bom humor no blog do Paraná.