Para Gaievski, as acusações “querem prejudicar minha chefe”
De Carlos Ohara, do portal Terra
Se autodeclarando “preso político do 45″ – em referência ao número que identifica o PSDB nas urnas – e afirmando que as acusações contra ele tem o objetivo de “prejudicar minha chefe”, o ex-assessor da ministra Gleisi Hoffman na Casa Civil, Eduardo Gaiveski, negou em seu primeiro depoimento a justiça, realizado na quinta-feira, a prática de crimes de estupro na época em que exercia o cargo de prefeito de Realeza, no período de 2005 à 2012. Acusado de prática continuada de quase 40 crimes envolvendo estupro de vulnerável (onde as vitimas eram meninas com idade inferior a 14 anos), estupro qualificado, assédio sexual e assédio sexual qualificado, Gaievski também responde por delito de responsabilidade de prefeito municipal por oferecer cargos na prefeitura em troca de encontros sexuais, de acordo com a denúncia.
O depoimento do ex-assessor na fase de instrução do processo foi iniciado às 15h e só foi encerrado às 23h30. Gaievski não respondeu questionamentos de promotores e advogados e só falou quando teve a palavra para seu depoimento livre. Ele negou todas as acusações e afirmou que as denúncias contra ele foram motivadas pela possível disputa eleitoral deste ano no Paraná, que deve colocar em confronto a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), e o atual governador Beto Richa (PSDB).
Afirmando ser “preso político do 45″, conforme registro oficial do depoimento, Gaievski preferiu usar a maior parte de seu depoimento para falar sobre seu desempenho como prefeito de Realeza, garantindo ter realizado uma das melhores administrações da cidade. “Ele manteve uma postura de arrogância e em nenhum momento demonstrou arrependimento. Simplesmente negou os crimes, mesmo com a apresentação de provas e gravações autorizadas judicialmente”, contou o advogado Natalício Farias, que atua na defesa das supostas vítimas do ex-assessor e esteve presente no depoimento.
O presidente do PSDB do Paraná, deputado estadual Valdir Rossoni, ficou surpreso com a declaração de Gaievski. “Além de pedófilo, ele deve ser louco. Esta é uma técnica de defesa de petistas, tentando nivelar todo mundo. O caso não é político, é caso de polícia. As denúncias são população”, disse Rossoni.
Advogado denuncia advogado
Em entrevista exclusiva ao Terra, o advogado Samir Assad, atual defensor de Gaievski, disse que apresentou pedido à justiça para anular o processo contra seu cliente, alegando cerceamento no direito de defesa do réu. Assad disse que Gaievski foi prejudicado e, até quinta-feira, dia de seu primeiro depoimento, não havia sido citado oficialmente pela Justiça.”Ele está sendo tratado excepcionalmente em detrimento a todos direitos dele”, afirmou.
O advogado também denunciou o advogado Rafael Seben, que atuou inicialmente na defesa do ex-assessor. “O advogado foi ao gabinete do promotor que assina a denúncia e denunciou o Eduardo, que era cliente dele na época. Além disso, ele (Rafael Seben) arrolou como testemunhas de defesa do Eduardo, as mesmas pessoas que foram apresentadas como supostas vítimas”, disse Assad. “É um caso gravíssimo. Já está nulo está processo, só falta ser declarado pela Justiça”, acredita o atual advogado do ex-assessor.
Assad afirma que Seben teria dito em depoimento registrado em outubro, um mês após a prisão de Gaievski, que o ex-assessor havia lhe pedido que procurasse as supostas vítimas para que elas não confirmassem na Justiça, as denúncias realizadas durante a investigação do caso. “De forma obliqua, ele fez uma confissão em nome do cliente. Um absurdo”, analisa Assad.
Ouvido pelo Terra, Rafael Seben negou que tenha prestado depoimento contra o ex-assessor. “Nunca. Isto não existiu. Ele está imputando um fato criminoso a mim. Eu até fui ouvido no MP, mas não falei sobre isso. Também não posso revelar nada sobre o depoimento porque o processo está tramitando sob sigilo de Justiça”, disse o advogado. Durante a gestão de Gaievski na prefeitura de Realeza, Seben atuou como assessor do ex-prefeito.
A OAB-PR não quis comentar o caso específico. A diretoria da entidade informou apenas que “o advogado deve preservar o sigilo do cliente, previsto no código de ética”.
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