Josias de Souza, UOL
A ação na qual o PT pede ao TSE que decrete a perda do mandato do deputado paranaense André Vargas por infidelidade partidária não é o que parece. Protocolada no início da semana, a petição faz supor que, após sufocar Vargas, obrigando-o a renunciar à vice-presidência da Câmara e a se desligar da legenda, o PT desejaria agora desligar o ex-filiado da tomada. É teatro.
A encenação foi montada para tentar atenuar o dano político que o relacionamento com o doleiro preso Alberto Youssef causou a Vargas. Às voltas com um processo por quebra de decoro parlamentar, o deputado corre o risco de ser cassado. O que o deixaria inelegível. Ainda que renunciasse, Vargas seria alcançado pela inelegibilidade prevista na Lei da Ficha Limpa.
Na Justiça Eleitoral, o prejuízo pode ser menor. Na hipótese de ser cassado pelo TSE por infidelidade partidária, Vargas perderia o mandato do mesmo jeito. Porém, manteria intactos os seus direitos políticos. Sem partido, não teria como voltar às urnas nas eleições deste ano. Mas estaria livre para pedir votos já na eleição municipal de 2016.
Chama-se Luciana Lóssio a ministra escalada para relatar a antiação do PT. No início da próxima semana, vence o prazo dado por ela para que Vargas apresente sua defesa. Há dois dias, na última volta do ponteiro do relógio, o deputado entregou a defesa requerida pelo Conselho de Ética da Câmara. Na peça, pede que sejam ouvidas oito testemunhas. Entre elas o doleiro Youssef. Joga para ganhar tempo, empurrando a encrenca para o segundo semestre. Se a cassação do TSE chegar antes, o processo que corre na Câmara vai ao arquivo por “perda de objeto”.
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